O Estado de S. Paulo

Energia e gás puxam IPCA em outubro

Inflação oficial acelerou para 0,42% no mês passado, mas ficou dentro da expectativ­a; no ano, taxa está em 2,21%, a mais baixa desde 1998

- Daniela Amorim / RIO / COLABORARA­M MARIA REGINA SILVA E THAÍS BARCELLOS Inflação. Alta na conta de luz deixa meta mais longe

O aumento nas contas de luz e gás de botijão pressionar­am a inflação em outubro, mas o cenário permanece benigno para os preços na economia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acelerou de 0,16% em setembro para 0,42% no último mês. O resultado é bem próximo das expectativ­as mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast.

Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). A taxa acumulada no ano, de 2,21%, foi a mais baixa para o período de janeiro a outubro desde 1998. Segundo especialis­tas, o desempenho corrobora as expectativ­as de que o Banco Central mantenha o ciclo de cortes na taxa básica de juros, apesar das incertezas sobre a reforma da Previdênci­a.

“Se isso continuar se repetindo, se a inflação continuar nessa toada boa e a atividade seguir não muito robusta, abre a janela para que o Banco Central talvez se anime um pouco mais quanto à inflação. O que está em jogo é se a porta continuará aberta, se a Selic vai parar em 7,0%, ou se cairá mais em fevereiro. Para dezembro, o BC tem deixado claro que juro vai a 7,0%”, afirmou o economista Daniel Gomes da Silva, do Modal Asset Management.

Surpresa. O economista-chefe da Quantitas Asset Management, Ivo Chermont, acredita que a surpresa positiva com a inflação de outubro mantém aberta a possibilid­ade de mais duas reduções na taxa Selic, encerrando o ciclo em 6,75% em fevereiro. “O mais importante é que o número dá conforto e mantém aberta a probabilid­ade de novo corte (na Selic) em fevereiro.”

O aumento na energia elétrica e no gás de botijão respondeu sozinho por 0,17 ponto porcentual da inflação. A tarifa de energia elétrica subiu 3,28%. Em outubro, a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com uma cobrança adicional de R$ 3,50 a cada 100 Kwh consumidos, substituiu a bandeira amarela vigente em setembro, que previa um adicional de R$ 2 a cada 100 Kwh consumidos.

“Energia elétrica teve reajuste de tarifa também”, lembrou Fernando Gonçalves, gerente da Coordenaçã­o de Índices de Preços do IBGE. Ele citou aumentos ocorridos em Goiânia, Brasília e São Paulo.. Pressão. A conta de luz continuará pressionan­do o IPCA em novembro, com a manutenção da bandeira vermelha em patamar 2, mas com um reajuste na cobrança adicional, que passa de R$ 3,50 para R$ 5,00 a cada 100 Kwh consumidos.

Já o gás de botijão ficou 4,49% mais caro no mês passado, reflexo do reajuste médio de 12,9% nas refinarias, em vigor desde 11 de outubro. O gás de botijão já acumula no ano aumento de 61,96% nas refinarias, o que provocou elevação de 12,98% no preço ao consumidor.

As famílias, porém, voltaram a gastar menos com alimentaçã­o, pelo sexto mês seguido. O preço dos alimentos para consumo em casa diminuiu 0,17% em outubro. “À medida que os efeitos da supersafra se dissipem ainda mais, é esperado que os preços de alimentos reforcem a trajetória de variações cada vez mais próximas do indicado pela sua sazonalida­de”, alertou Marcio Milan, analista da Tendências Consultori­a Integrada.

A taxa de inflação acumulada em 12 meses acelerou de 2,54% em setembro para 2,70% em outubro, mas ainda não há impacto de uma suposta melhora da demanda, e sim da normalizaç­ão do nível de preços, que estavam muito baixos no ano passado devido à crise econômica, avaliou Gonçalves.

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NA WEB estadao.com.br/e/metaoficia­l

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