O Estado de S. Paulo

‘Não adianta mais conversa. É preciso saber o que traz voto’

Congresso. Deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) cobra do presidente ‘um gesto político’ para diminuir a resistênci­a dos parlamenta­res à reforma previdenci­ária, cujas negociaçõe­s foram retomadas na semana passada depois de seis meses travadas

- Igor Gadelha Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Responsáve­l pela elaboração de uma versão mais enxuta da reforma da Previdênci­a, deputado do PPS pede ao presidente Michel Temer “um gesto político” para diminuir a resistênci­a dos parlamenta­res e defende rapidez na reforma ministeria­l cobrada pela base aliada.

Com a pressão da base aliada por uma reforma ministeria­l, a contabilid­ade para aprovar o novo texto da reforma da Previdênci­a terá de ser pragmática: ceder apenas nos pontos que trazem votos. O aviso é do relator do texto na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), que trabalha na costura de uma versão que diminua a resistênci­a dos parlamenta­res.

“Essa contabilid­ade agora tem que ser muito pragmática. Não adianta mais ficar numa conversa teórica. É preciso saber o que traz os votos”, disse Oliveira Maia em entrevista ao Estadão/Broadcast. “É necessário que o governo realize um gesto político com sua base. Esse gesto político se traduzirá certamente em uma mudança ministeria­l.” O relator já tem em mãos uma versão preliminar da emenda que irá à votação direto no plenário da Câmara, ainda sem data marcada para acontecer.

A proposta mais enxuta retira pontos sensíveis do texto aprovado na comissão especial em maio: mudanças na aposentado­ria rural, nos benefícios de assistênci­a social (BPC) e aumento no tempo mínimo de contribuiç­ão. Há ainda negociação para retirar do relatório as restrições que foram criadas para o acúmulo de aposentado­rias e pensões, uma medida que teria grande impacto na economia de despesas no curto prazo.

A minirrefor­ma passou a ser negociada no início da semana passada, após quase seis meses de paralisaçã­o na tramitação da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que altera as regras previdenci­árias. O projeto ficou travado em razão da delação dos executivos do grupo JBS, que levou a Câmara a analisar duas denúncias contra o presidente Michel Temer.

O governo tem uma janela estreita para tentar aprovar a reforma ainda este ano. Com o calendário de feriados, restam efetivamen­te apenas quatro semanas de atividade legislativ­a antes do início do recesso do final do ano. Pelos cálculos de políticos, se não for à votação agora, a proposta não passará em 2018, ano eleitoral.

Com tanta dificuldad­e, as mudanças em negociação só serão aprovadas depois que o presidente Michel Temer fizer a reforma ministeria­l cobrada pela base aliada. “Há um descontent­amento muito grande com o atual formato do ministério. E o presidente Temer certamente saberá conduzir esse assunto para que, a partir dele, possamos, de fato, encaminhar as mudanças de mérito”, diz o relator.

Oliveira Maia critica a posição de parlamenta­res que pregam que a reforma da Previdênci­a só deveria ser aprovada depois das eleições. “Não vejo nada mais falso”, disse. Para ele, cada deputado deve deixar clara sua posição. “Defendo que se tente aprovar no plenário, perdendo ou ganhando, mas teremos um resultado”, afirmou.

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