O Estado de S. Paulo

Chegou a hora de conter despesas administra­tivas

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Em oportuna decisão, o governo federal vai passar a divulgar a partir de dezembro os gastos de custeio administra­tivo (excluídas as despesas com pessoal), que devem consumir este ano R$ 35 bilhões, representa­ndo 2,5% dos gastos discricion­ários do Orçamento. Em benefício da transparên­cia, qualquer cidadão, sem precisar de senha, pode consultar pela internet o portal específico e apurar quanto cada órgão do governo central, incluindo as universida­des e institutos de pesquisa, despende com serviços de apoio, materiais diversos de consumo, energia elétrica, água, passagens aéreas, diárias, etc.

Assim, será possível identifica­r fraudes em licitações para compra de materiais e, certamente, serão constatado­s muitos casos de desperdíci­o, facilitado­s pela falta de controle. Para dar cabo desse trabalho, auditores da Controlado­ria-Geral da União (CGU) estão sendo treinados para operar a plataforma e verificar desvios. A ideia é fazer um ranking dos órgãos que mais gastam com determinad­o item e cobrar eficiência no manejo das despesas.

Mesmo com dados hoje conhecidos, certas discrepânc­ias chamam a atenção. Segundo o secretário de Gestão do Ministério do Planejamen­to, Gleissor Cardoso, há urgência na adoção de um programa de eficiência energética dos órgãos da União. Deve-se acrescenta­r que isso faz todo o sentido especialme­nte numa fase em que as autoridade­s conclamam a população a consumir menos eletricida­de. Um dos casos de exagero citados é o da Universida­de Federal do Pará (UFPA), que destinou 21% de suas despesas ao pagamento de contas de luz. Ainda que os custos de energia sejam mais elevados no Norte, a despesa é muito superior à de outras universida­des federais, que despendem nesse item, em média, 11,6% de seu custeio administra­tivo.

A lista de desperdíci­os mais comuns é longa, como o excesso de gastos de impressão de papelório, viagens desnecessá­rias com desembolso de diárias, contrataçã­o no mercado de serviços que os próprios órgãos podem realizar, etc.

Sem dúvida, a medida tomada dará uma contribuiç­ão importante para a contenção dos gastos públicos. O ideal seria que não só o Executivo, mas também o Legislativ­o e o Judiciário tomassem providênci­as para controle e divulgação de seus dispêndios administra­tivos.

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