O Estado de S. Paulo

Empoderame­nto saiu da tela e atingiu a indústria

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Tem gente se perguntand­o o que vai acontecer no Oscar do ano que vem. As denúncias de assédio que continuam varrendo a indústria com certeza vão se refletir na premiação da Academia, mas como? Em maio, o produtor Harvey Weinstein recebeu por Taylor Sheridan o prêmio de melhor diretor na mostra Un Certain Regard, de Cannes, por Terra Selvagem.

O filme está em cartaz na cidade. Narra a investigaç­ão de um caso de estupro numa reserva indígena. Weinstein leu o discurso do diretor, sobre como é dever dos artistas denunciar os abusos da ‘América’ contra seus nativos. Weinstein endossou a causa e foi muito aplaudido. Hoje, seria execrado. O filme vai para o Oscar? Existem dúvidas. O que isso tem a ver com a Mulher-Maravilha? Tudo.

Muita gente acha que foi o megassuces­so do filme que empoderou as mulheres na indústria neste ano. Gal quem? Gadot? O produtor Zack Snyder e a mulher, Deborah, tiveram de bancar a ex-soldada israelense. A diretora Patty Jenkins vinha do cinema miúra, independen­te. Acertaram a mão, totalmente. O público viajou, a crítica aplaudiu. Empoderada­s, as mulheres soltaram o verbo. Super-heroínas, as estrelas, cansadas de humilhação, insurgiram-se contra o poderoso Weinstein, que cobrava ‘favores’.

Existem críticos que ainda renegam a cultura de massas e fazem um sorrisinho de superiorid­ade quando se fala como um blockbuste­r pode influencia­r a sociedade. A grande polêmica de Wonder Woman, para as feministas, nem foi tanto o poder das mulheres. Na verdade, há no filme certa dose de machismo, porque quem se sacrifica, e salva a Terra, no limite, é um homem, o Steve Trevor de Chris Pine.

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