No restante do interior, tendência é o Minha Casa Minha Vida
Entre 75% e 85% das unidades vendidas fora da RMSP estão dentro dasfaixas mais populares do programa
O crescimento dos lançamentos de luxo em Ribeirão Preto vai na contramão do que é tendência no interior do Estado, os apartamentos padrão Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Nos últimos três anos, entre 75% e 85% das unidades comercializadas fora da região metropolitana de São Paulo ficaram dentro das faixas mais populares do programa federal, afirma o diretor de interior do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Frederico Marcondes.
Na capital, esse conjunto representou apenas 26% das vendas. Para Marcondes, o preço do terreno em São Paulo torna a modalidade quase inviável. “Só dá para fazer se for muito na periferia, porque são apartamentos de até R$ 230 mil.” As unidades têm cerca de 45 m² e 65 m².
Levantamento feito pela entidade mostra, ainda, que o preço do metro quadrado do interior é quase metade do praticado na capital, R$ 4600 frente R$ 9 mil.
Diretor da construtora Vitta, João Paulo Penteado afirma que o negócio se sustenta pela escala de produção. “Temos um baixo valor agregado, mas o volume é muito grande.”
Ele lembra que a Caixa Econômica Federal ampliou o teto salarial para os empréstimos. Famílias com renda bruta de até R$ 7 mil também podem conseguir crédito subsidiado. A abertura, segundo Penteado, permite produtos populares mais bem elaborados.
“Nossos apartamentos são compactos, mas investimos nas áreas comuns, como churrasqueira, academia, pista de corrida.” As unidades têm até 50 m², com preços que variam de R$ 135 mil a R$ 180 mil.
De 2010 a 2017, a Vitta fez 33 lançamentos em diferentes cidades do interior do Estado. Em 2014 e 2015, anos de aprofundamento da crise econômica, o número de novos empreendimentos foi de 3 e 4, respectivamente. Em 2017 já foram 11, a previsão para 2018 é 15.
Sem crise. Penteado afirma que não sentiu a recessão. A quantidade aparentemente ínfima de 2014 e 2015 foi, na verdade, maior ou igual do que a dos anos anteriores.
Marcondes, no entanto, é cauteloso, mas também acredita que as capitais sofreram mais. O motivo é que as pequenas cidades –apenas nove municípios paulistas têm mais de 500 mil habitantes – conseguiram manter razoavelmente as entregas de baixo e médio padrão.
“Se pensamos em São José dos Campos, por exemplo, não vemos nenhum bolsão de riqueza, mas existe ali uma classe operária interessante, cuja média salarial é estável e atrativa para o nosso negócio”, diz.