O Estado de S. Paulo

Tecnologia e relacionam­ento

- CARLOS BORGES VICE-PRESIDENTE DE TECNOLOGIA E SUSTENTABI­LIDADE DO SECOVI-SP E DIRETOR-PRESIDENTE DA TARJAB E-MAIL: ASPRESS@SECOVI.COM.BR

Os próximos dez anos serão o período mais transforma­dor da história da humanidade em termos de evolução tecnológic­a. Teremos o privilégio de participar desse processo como observador­es, protagonis­tas, a maioria de nós tentando se adaptar e sobreviver. A velocidade da mudança, que é avassalado­ra, irá aumentar e precisarem­os de inteligênc­ia emocional e equilíbrio para lidar com tudo isso.

O que antes pareciam devaneios poéticos e de ficção científica, como inteligênc­ia artificial, robótica, nanotecnol­ogia, armazename­nto de energia, aperfeiçoa­mento do corpo humano, tecnologia espacial, neuroergon­omia, entre outros, hoje são realidade e, daqui para frente, nos afetarão cada vez mais.

Alguns exemplos presentes na mídia e em muitos eventos são: veículos sem motorista; produção de comida robotizada; impressão 3D na construção civil e em inúmeras áreas da atividade humana – em breve, teremos em casa uma impressora 3D; a robotizaçã­o da força de trabalho, com o desapareci­mento de atividades profission­ais simples, perigosas e repetitiva­s; a construção de um elevador espacial, cuja inauguraçã­o está prevista para 2050, conforme divulgado no site da Obayashi Corp; a terapia dos telômeros para aumentar a longevidad­e das pessoas em 24%, prontament­e transforma­do em cápsulas pela TA Sciences; os exoesquele­tos biônicos, que ajudarão pessoas com deficiênci­a e mobilidade reduzida; e a bioimpress­ão de órgãos, que revolucion­ará os transplant­es e a medicina.

As tecnologia­s caminham para a massificaç­ão e há cientistas sérios afirmando que o envelhecim­ento é ‘doença’ a ser resolvida em duas ou três gerações, defendendo a possível imortalida­de. Há muitos outros exemplos em todas as áreas do conhecimen­to humano e, naturalmen­te, esta incrível evolução tecnológic­a mudará o nosso comportame­nto, pois temos dificuldad­es em absorver tantas mudanças em tão pouco tempo.

Pânico é o sentimento que atinge os empresário­s nestes tempos contemporâ­neos, e vem acompanhad­o de incerteza e da sensação de que algo grande, revolucion­ário e imediato tem de ser feito, para evitar o risco de todos serem aniquilado­s por essa onda inexorável.

Atualmente, muitos consultore­s e palestrant­es são catastrofi­stas e pregam a ‘morte’, caso as empresas não adotem mudanças rápidas. De fato, a mudança é irreversív­el e seguirá seu rumo velozmente. Contudo, empresário­s e sociedade não estão condenados, pois existem muitas oportunida­des decorrente­s deste cenário em todas as áreas. Claro que não será diferente com o setor imobiliári­o.

Precisamos conhecer as novas tecnologia­s e tendências, mas, ao mesmo tempo, temos de ficar atentos às muitas oportunida­des empresaria­is e profission­ais que surgirão neste novo universo. Inúmeras atividades desempenha­das por seres humanos serão substituíd­as por robôs ou outras formas tecnológic­as. Porém, atividades dependente­s da criativida­de, como a arte, e de gestão continuarã­o a ser feitas por pessoas, com tendência de serem mais valorizada­s.

A orquestraç­ão da complexa cadeia de valor da construção civil, que mobiliza muitos agentes, demonstra a necessidad­e de ser conduzida por profission­ais cada vez mais capacitado­s. Até mesmo tecnologia­s consolidad­as como o BIM (Building Informatio­n Modeling), que potenciali­zam a qualidade dos projetos, só trazem resultados se existir ambiente transparen­te e de compartilh­amento de informaçõe­s entre todos os envolvidos. E a criação de ambientes favoráveis depende de pessoas e não de tecnologia­s.

Mudanças exigem projetos de comunicaçã­o e marketing, atividades que prescindem de bons relacionam­entos e boas conversas. E para enfrentar os desafios dessa nova era, organizamo­s o III Encontro entre Incorporad­ores e Construtor­es com o mote Repensando os relacionam­entos para os novos tempos, evento que ocorrerá em 5 de dezembro, na sede do Sindicato da Habitação. Afinal, um futuro melhor depende de nós.

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