O Estado de S. Paulo

Modelo de atuação prevê acesso de agricultor­es a armazenage­m

Falta de silos para grãos tira do homem da terra a chance de comerciali­zar a produção em melhores condições

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Outro negócio que nasceu para melhorar a vida do pequeno produtor rural é o Silo Verde, criado para reduzir o déficit de armazenage­m de grãos e ração existente no Brasil.

“O pequeno produtor é quem mais sofre por conta da falta de acesso ao sistema de armazenage­m, porque ele não é capitaliza­do e tem grande dificuldad­e para obter financiame­nto, então, fica refém do preço que os atravessad­ores querem pagar para escoar sua produção o quanto antes, por não ter onde armazená-la”, diz o fundador, Maurício Bruno.

Segundo ele, a ideia é que esses produtores tenham acesso ao silo, para que possam armazenar os grãos e assim terem tempo para negociar melhor o preço de venda.

Bruno conta que outra utilização importante do silo é o armazename­nto de ração. “A ração animal tem fluxo de consumo muito alto e o por não ter local adequado para guardá-la, o produtor tem de comprar o produto ensacado. Além de pagar mais caro, enfrenta problemas ergométric­os, por ter de carregar a sacaria”, diz.

A sanidade da ração também é outro problema. Por ser armazenada em galpão, fica exposta ao contato de animais como ratos e pombas.

O silo desenvolvi­do por Bruno é mais acessível porque é feito a partir da reciclagem de garrafas PET e chega ao mercado custando entre 10% e 15% menos que os silos tradiciona­is. A durabilida­de também é maior.

“Nossos estudos estimam que nossos silos deverão durar 100 anos, enquanto os de metal tem vida útil de 30 a 35 anos. Tecnicamen­te também é melhor, porque o PET é isolante térmico, ajudando a preservar a qualidade do grão ou ração.”

O empresário afirma que por ter grande amplitude térmica, o silo pode atender países com climas extremos, pois suporta temperatur­as de menos 30 graus Celsius e acima de 40 graus positivos. “Na África, por exemplo, 80% do que o pequeno produtor rural produz no ano se perde, por falta de local para armazenar.”

Segundo ele, a Silo Verde tem dois modelos comerciais: venda e locação. “A ideia é que o fabricante de ração alugue nossos silos e os deixe instalados em comodato, na propriedad­e de pequenos produtores que costumam consumir sua ração. Assim, ele poderá armazenar ração ou grãos. Esse modelo faz aumentar a rentabilid­ade do fabricante de ração, porque ao vender a granel é possível comerciali­zar maior quantidade, reduzir de 30% a 40% os custos de produção de sacaria e ainda fidelizar o cliente.” O empresário conta que o primeiro lote de 60 silos alugados que serão distribuíd­os em sistema de comodato serão entregues a pequenos produtores de São Paulo e Minas até o final deste ano.

Ele afirma que o Silo Verde tem capacidade de armazenar seis toneladas de alimentos. Na fabricação de cada silo são utilizadas quatro mil garrafas PET.

Bruno ressalta que por ser modular, o produto pode ser despachado para qualquer lugar do mundo. “Temos encomenda de 100 silos para o Canadá. O produto já é patenteado no Brasil e em mais dez países.”

O empresário acrescenta que o produto também tem tecnologia embarcada. “O silo tem sistemas de sensores que monitoram temperatur­a, umidade e volume. As informaçõe­s são enviadas para o celular do produtor.”

O empresário afirma que está para fechar contrato de locação com um dos maiores fabricante­s mundiais de ração, que atua no Brasil e domina 40% do mercado nacional.

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LEO CANABARRO/DIVULGAÇÃO/SILO VERDE Bruno. ‘Primeiro lote vai atender áreas de São Paulo e Minas Gerais’

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