Fórmula 1 é referência de tecnologia dentro e fora das pistas
Telemetria, Big Data e Internet das Coisas: conceitos são velhos aliados da modalidade esportiva em busca da melhor performance
Mais do que uma corrida e uma paixão que une diversas nações, a Fórmula 1 se transformou em uma importante fonte de tecnologia. As inovações que poderão ser observadas neste domingo (12), quando acontece no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, a penúltima etapa de 2017 da Fórmula 1, estão mais próximas do nosso dia a dia do que imaginamos. São incontáveis as tecnologias nascidas nas pranchetas de engenheiros das equipes que não só foram úteis nas pistas, mas logo ganharam aplicações no mercado e dentro de empresas.
Buscando melhor performance, desempenho e principalmente a segurança de seus pilotos, a Fórmula 1 encontrou na tecnologia uma forte aliada para se tornar referência mundial nos avanços de suas máquinas e sistemas. Para Andre Eleterio, diretor de marketing da NEC, que é patrocinadora da equipe Sahara Force India, o espírito inovador da competição pode ser refletido também nas empresas. "A Fórmula 1 trabalha sempre com soluções de ponta, muitas vezes saídas direto do laboratório. No mundo da tecnologia, fazemos a mesma coisa com as empresas. Estamos sempre procurando a solução mais avançada, mais rápida e melhor para elas serem mais eficientes", disse.
Em busca de resultados
A modalidade de corrida mais competitiva do mundo busca sempre excelência e permite pouquíssimos erros. Esta exigência de resultados, aliada à segurança e à confiança de seus sistemas, fez com que a Fórmula 1 demandasse inovações tecnológicas a cada temporada. Quando falamos de Internet das Coisas, devemos lembrar imediatamente da categoria e como tudo emite informação e gera dados em um Big Data que serão analisados em busca de constante melhoria.
Fernando Martins, engenheiro e professor do Instituto Mauá de Tecnolo- gia, participou de uma transmissão da TV Estadão e destacou como algumas destas inovações nasceram nas pistas e hoje se expandiram para outros segmentos. Entre elas, a telemetria e a tecnologia de sensoriamento dos veículos, ambas surgidas na década de 1980. “Hoje temos uma quantidade enorme de informação que fica em uma central eletrônica. Conseguimos saber todas as necessidades do veículo ", explicou.
Segundo ele, as equipes buscavam informações precisas e em tempo real das condições de seus carros na pista, o que criou a demanda por desenvolver tipos de transmissão de dados em alta velocidade. Em paralelo, isso contribuiu para a evolução de vários segmentos de telecomunicação e soluções que estão nos nossos carros hoje em dia. "A demanda existiu e por isso houve o desenvolvimento", completou.
A Fórmula 1 tem como característica principal exigir o melhor em tudo, não só de pilotos e da equipe, mas também dos países por onde passa. Os autódromos escolhidos ao redor do mundo devem respeitar rigorosos padrões de segurança e excelência propostos pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Este é outro exemplo de "contaminação positiva" que a prova tem na sociedade, não só como entretenimento e tecnologia, mas potencializando economicamente os locais onde se instala.
Sensores na F1 e no seu carro também
Os carros de corrida deixaram de ser apenas máquinas com grandes motores, pistões e válvulas para se tornarem gadgets de alta velocidade carregados com tecnologia avançada. Os veículos têm mais de 300 sensores que geram cerca de 50 MB de dados a cada volta no circuito. A cada fim de semana de corrida, o piloto gera para sua equipe cerca de 40 GB de dados que serão analisados cuidadosamente por sistemas, técnicos e engenheiros para estudar seu desempenho e o que pode ser melhorado. Encontramos aí conceitos comuns de empresas de tecnologia, como o Big Data e Machine Learning.
Segundo o professor do Instituto Mauá, no futuro, os avanços do Machine Learning farão com que esses dados sejam compreendidos pelo próprio sistema do veículo para que ele tenha melhor desempenho e performance. "Esse é o próximo passo. É o entendimento da máquina juntamente com a inteligência artificial. Ela assimila os dados para poder se reprogramar", explicou, citando como exemplo a tecnologia dos carros flex, que alternam seu uso de combustível sem que isso represente falhas ou seja percebido pelo condutor.
A vitória é de um, mas a conquista é de todos
Percebemos cada dia mais o valor da informação, e como é importante uma coleta e análise de dados quando estamos em busca de eficiência. Seja isso numa equipe de corrida, seja em uma empresa. "A Fórmula 1 mostra isso de uma forma intensa. Não é só o melhor piloto ou o melhor carro que ganha. É a união dessas performances que faz a diferença. Na tecnologia, não adianta colocar a máquina mais avançada na empresa se ela não tem o melhor processo e a melhor equipe", afirmou Eleterio, da NEC. A empresa se identifica com a Fórmula 1 porque compartilha o objetivo de extrair o melhor desempenho e eficiência de todos os setores usando recursos tecnológicos. Além de pilotos talentosos e máquinas potentes, é importante sempre lembrar que toda a "magia" das corridas da F1 só é possível após anos e mais anos de desenvolvimento e o trabalho incessante de milhares de profissionais em busca de eficiência e claro, da vitória.