Despedida brasileira
Brasileiro se despede de Interlagos com uma grande festa no lugar mais alto do pódio, onde o piloto alemão da Ferrari subiu ao vencer o GP do Brasil
Celebrado pela torcida, Felipe Massa chega em 7º lugar e dá adeus a Interlagos.
No GP do Brasil de Fórmula 1, ontem, em Interlagos, somente um piloto teve a honra de subir no degrau mais alto do pódio mesmo sem ter vencido. O privilégio coube ao sétimo colocado Felipe Massa, mais celebrado e aplaudido pela torcida do que o próprio vencedor, o alemão Sebastian Vettel, da Ferrari, que terminou a prova seguido pelos finlandeses Valtteri Bottas e Kimi Raikkonen.
Aos 36 anos, o brasileiro terá somente mais uma prova na categoria, em Abu Dabi, daqui duas semanas, antes do adeus definitivo da Fórmula 1. Massa promete que desta vez não vai cancelar a despedida, como havia feito no ano passado. A temporada extra lhe rendeu a oportunidade de fazer uma prova melhor em Interlagos e compensar o abandono com acidente ocorrido em 2016.
“Tive vitórias que não foram tão difíceis quanto esta corrida. Tirei o máximo do carro hoje (ontem)”, disse o brasileiro, durante uma quebra de protocolo. A entrevista de Massa foi no pódio, ambiente restrito aos três primeiros colocados. Mas como Vettel, Bottas e Raikkonen haviam deixado o local, sobrou para o piloto da Williams receber o carinho da torcida, que invadiu a pista para se aproximar.
Massa largou em nono lugar e terminou em sétimo após segurar os ataques de Fernando Alonso nas voltas finais. “A energia da torcida foi necessária para me manter nessa colocação. Só fiquei atrás de quem não dava para brigar. Nunca vou esquecer desse dia”, disse.
O prêmio pelo esforço veio ainda quando estava no carro. O filho, Felipinho, de sete anos, se comunicou com o pai pelo rádio: “Estou muito orgulhoso de você. Apoiarei você para onde você for! Sua largada foi muito boa. Eu te amo!”.
Em uma espécie de ato simbólico, a entrevista de Massa no pódio foi conduzida por Rubens Barrichello. Os dois pilotos brasileiros de maior sucesso na Fórmula 1 nos últimos 20 anos alegraram o público no último GP nacional antes de a categoria ficar sem representantes do Brasil pela primeira vez desde 1969. Enquanto a dupla conversava, a torcida gritava por Ayrton Senna.
A celebração brasileira coincidiu em Interlagos com a vibração do alemão Vettel. Após largar em segundo, o piloto tomou a ponta do finlandês Bottas, da Mercedes, ainda antes da primeira curva e conduziu a Ferrari à vitória depois de sete provas de jejum na temporada.
“Consegui surpreender o Bottas no começo. Tentei controlar a corrida. Estou feliz com o resultado, porque a equipe trabalhou forte”, disse Vettel. “Eu estou decepcionado, principalmente porque larguei na pole position. Perdi a corrida no começo”, lamentou Bottas.
A vitória do alemão sobre o finlandês praticamente definiu a disputa particular entre os dois pelo vice-campeonato mundial. Vettel ampliou a vantagem e vai precisar somente de um oito lugar em Abu Dabi para confirmar a posição.
A prova foi disputada sob sol forte e calor. A pista seca possibilitou ao holandês Max Verstappen, da Red Bull, quebrar o recorde de volta em corrida. O tempo de 1min11s044 superou a marca obtida ainda em 2004, pelo colombiano Juan Pablo Montoya. “Nosso carro tinha muito potencial, mas infelizmente não consegui acompanhar meus adversários”, explicou o holandês, quinto lugar.
Logo na frente dele chegou o inglês Lewis Hamilton, da Mercedes. O atual campeão largou dos boxes, em último, e em grande reação ao longo das 71 voltas, conseguiu ganhar 16 posições e garantir a quarta colocação no Brasil (leia mais abaixo).
Roubo. Poucas horas após a Polícia Militar reforçar a segurança dos arredores de Interlagos, outro episódio de violência foi registrado na Fórmula 1. Na noite de sábado, uma van da Sauber sofreu uma tentativa de assalto no trajeto entre o circuito e o hotel. Na sexta, uma van da Mercedes foi assaltada e um veículo da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) escapou da ação porque contava com blindagem.
O episódio foi confirmado por Ruth Buscombe, uma das principais dirigentes da equipe. “Tenham cuidado ao deixar o circuito mesmo com o reforço policial. Acabamos de ser atingidos por um carro que tentava nos parar”, escreveu no Twitter. A Sauber não se pronunciou sobre o assunto e a Polícia disse não ter sido comunicada sobre o incidente.