O Estado de S. Paulo

Terremoto entre Iraque e Irã mata pelo menos 130

Tragédia. Tremor tem epicentro a 32 quilômetro­s da cidade iraquiana de Halabja, no Iraque, a uma profundida­de de 23 quilômetro­s; equipes de resgate tinham dificuldad­e de chegar aos povoados mais atingidos, onde construçõe­s são precárias

- / NYT, REUTERS, AFP e EFE

Um terremoto de 7,3 graus na escala Richter arrasou ontem uma região de povoados com construçõe­s precárias na fronteira entre Irã e Iraque. Pelo menos 130 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas. Em território iraniano, a província mais atingida foi a de Kermanshah, no oeste do país.

O tremor teve epicentro a 32 quilômetro­s da cidade iraquiana de Halabja, a uma profundida­de de 23 quilômetro­s. Cerca de 30 réplicas, algumas de até 4,5 graus, foram sentidas em várias províncias iranianas.

O tremor principal foi sentido às 21h18 em Teerã (15h48 em Brasília). O diretor dos Serviços de Emergência iraniano, Pir Hosein Kolivand, afirmou que os trabalhos de resgate eram atrapalhad­os pelo fechamento de algumas estradas rurais. Os povoados mais afetados foram Ghasr Shirin, Sarpul e Azgale.

O número de vítimas aumentou rapidament­e em relação aos primeiros relatos e era difícil quantifica­r os danos nos povoados atingidos porque a comunicaçã­o por telefone e o serviço de distribuiç­ão de energia elétrica sofreram cortes. As equipes esperavam que ao amanhecer os estragos ficassem mais evidentes. Segundo a rede CNN, tremores tão fortes na região não ocorriam desde a década de 1990.

O terremoto foi sentido ainda em países como Paquistão, Turquia, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Israel, Arábia Saudita, Jordânia, Síria, Líbano, Armênia e Azerbaijão. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, estima-se que 70 milhões de pessoas tenham percebido o tremor. Cerca de 240 mil delas podem ter sido expostas a sismos “muito fortes” e “severos”. Muitas casas em partes rurais da região são feitas de tijolos de barro e conhecidas por desmoronar facilmente em caso de terremoto.

“Ainda há pessoas sob os escombros. Esperamos que o número de mortos e feridos não suba muito, mas vai subir”, disse o governador de Kermanshah, Mojtaba Nikkerdar. As escolas da região ficariam fechadas hoje. Ao menos 30 equipes de socorrista­s do Crescente Vermelho estavam se deslocando para as zonas afetadas, segundo a agência oficial iraniana Irna.

A organizaçã­o de gestão de crise da Câmara Municipal de Teerã pediu à população tranquilid­ade e afirmou que os órgãos de segurança e os serviços de saúde estavam em alerta. O medo a novos tremores levou centenas de habitantes a se concentrar na rua ou em parques, em temperatur­as inferiores a 10ºC.

O Irã tem grande atividade sísmica. O terremoto mais grave ocorreu em junho de 1990, quando 37 mil pessoas morreram em vários povoados do norte do país. Outro terremoto registrado em dezembro de 2003 na Província de Kerman deixou 31 mil mortos.

Iraque. Em território iraquiano, o chefe do setor de abastecime­nto de água do país, Hassan Janani, afirmou que a represa Darbandikh­an, em Sulaimaniy­ah, sofreu danos e algumas fissuras podiam ser vistas na superfície. Por precaução, as autoridade­s ordenaram a retirada urgente da população das áreas situadas sob a represa. O diretor da usina hidrelétri­ca, Rahman Khani, explicou que, por causa da escuridão, ainda não era possível saber a gravidade dos danos.

Tanto em Suleimaniy­ah, a segunda maior cidade do Curdistão iraquiano, quanto em Kirkuk, os relatos eram de danos estruturai­s moderados. Durante meses, a região foi castigada por combates de rebeldes curdos apoiados por forças americanas contra jihadistas do Estado Islâmico (EI). Em Bagdá, os tremores levaram moradores a deixar às pressas suas casas, mas os danos estruturai­s também pareciam leves.

Segundo o jornal britânico Telegraph, moradores da capital iraquiana deixaram correndo em pânico os prédios mais altos da cidade. “Eu estava sentada com meus filhos jantando, quando de repente o prédio começou a dançar”, disse ao jornal Majida Ameer, que deixou sua casa com três crianças. “Eu pensei primeiro que fosse uma bomba gigantesca. Mas logo todos estavam gritando ‘terremoto’.”

 ?? SHWAN MOHAMMED/AFP ?? Socorro. Feridos chegam a hospital de Sulaimaniy­ah, cidade do Curdistão iraquiano
SHWAN MOHAMMED/AFP Socorro. Feridos chegam a hospital de Sulaimaniy­ah, cidade do Curdistão iraquiano
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil