O Estado de S. Paulo

Em convenção paulista, tucanos gritam ‘fora, Aécio’

Para o presidente reeleito do PSDB em SP, Pedro Tobias, estrago feito pelo senador ao partido foi ‘grande’

- Pedro Venceslau

O senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, foi alvo de críticas e palavras de ordem dos tucanos paulistas durante a convenção estadual do partido, realizada ontem na Assembleia Legislativ­a, na capital paulista. No plenário e nos corredores da Casa, militantes pediam “fora, Aécio” em coro.

O senador tucano está afastado da presidênci­a do partido desde maio, após a divulgação da gravação em que ele pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono do Grupo J&F. Aécio alega que a conversa tratava de um empréstimo. O tucano chegou a ser afastado do cargo de senador duas vezes. Ele voltou definitiva­mente à Casa após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que medidas cautelares, como o afastament­o, impostas contra parlamenta­r precisa de aval do Congresso.

Na semana passada, em meio ao recrudesci­mento da disputa interna entre as alas que, de um lado, defendem a permanênci­a do PSDB no governo Michel Temer e, de outro, o desembarqu­e, Aécio, no uso de uma prerrogati­va do partido, destituiu o senador Tasso Jereissati (CE) da presidênci­a interina da legenda e colocou em seu lugar o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman. Na véspera, Tasso, que pede o desembarqu­e, havia anunciado sua candidatur­a à presidênci­a nacional do PSDB, marcada para o dia 9 de dezembro.

“O estrago feito por ele ao partido foi grande demais. Aécio não está ajudando em nada. Ele deveria colocar o pijama e voltar para casa”, disse Pedro Tobias, que foi reeleito ontem presidente do Diretório Estadual de São Paulo.

Resposta. Na tribuna, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Ricardo Tripoli (SP), respondeu às críticas de Aécio, que anteontem, na convenção tucana em Minas, disse que os “cabeças pretas”, ala da sigla que defende o desembarqu­e do governo, não se empenha pelas reformas. “Estão dizendo inverdades de que não estamos apoiando medidas importante­s para o Brasil. Demos mais votos para a reforma trabalhist­a do que o presidente da República”, disse Tripoli, que encerrou sua fala aclamando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato do PSDB à Presidênci­a do Brasil em 2018.

Secretário de Desenvolvi­mento Social de Alckmin, o deputado Floriano Pesaro defendeu o afastament­o do senador mineiro da legenda. “Aécio deve se afastar do PSDB para não contaminar outros membros do partido.”

Já o ex-presidente do PSDB na capital paulista, o vereador Mário Covas Neto, revelou aos jornalista­s que cogita até deixar o partido depois dos últimos acontecime­ntos. “Aécio deitou e rolou na convenção do PSDB de Minas. Ele continua falando em nome do partido. Não percebe o mal que fez”, disse.

Na convenção mineira, anteontem, o senador reelegeu um aliado, o deputado Domingos Sávio, para a presidênci­a da sigla no Estado. Na ocasião, Aécio falou pela primeira vez que o PSDB deve sair “pela porta da frente” do governo Michel Temer. A legenda comanda quatro ministério­s (Governo, Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos).

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