O Estado de S. Paulo

Petrobrás tem lucro líquido de R$ 266 milhões, 10% do esperado

Apesar de positivo, resultado veio abaixo da projeção de R$ 2,5 bi do mercado

- Denise Luna Fernanda Nunes Vinicius Neder / RIO

Apesar de conseguir reverter prejuízo de R$ 16,4 bilhões no terceiro trimestre de 2016, a Petrobrás registrou agora 10% do lucro projetado por analistas, de R$ 2,5 bilhões. O resultado ficou abaixo do esperado por causa de perdas de R$ 3,3 bilhões com programas de regulariza­ção de débitos, contingênc­ias judiciais e baixas contábeis. O desempenho do mercado de combustíve­is também pesou.

A Petrobrás registrou lucro líquido de R$ 266 milhões no terceiro trimestre, revertendo o prejuízo bilionário de R$ 16,458 bilhões em igual período do ano passado. Apesar de positivo, o resultado veio abaixo das expectativ­as de analistas de mercado ouvidos pelo ‘Broadcast/Estadão’, que projetavam lucro de R$ 2,5 bilhões entre julho e setembro, já levando em conta um desempenho ruim no mercado de combustíve­is.

O lucro ficou abaixo do esperado por causa de perdas de R$ 3,356 bilhões com programas de regulariza­ção de débitos, contingênc­ias judiciais e baixas contábeis. “O operaciona­l não foi tão ruim. O que ruim foi o lucro, muito aquém porque a empresa teve baixas”, afirma Pedro Galdi, analista de investimen­tos da Magliano Corretora.

A perda com esses itens superou o segundo trimestre deste ano, quando foi de R$ 1,531 bilhão. O destaque veio de contingênc­ias judiciais, onde a companhia gastou R$ 1,061 bilhão. A segunda maior perda foi com “programas de regulariza­ção de débitos federais”: menos R$ 1,030 bilhão. Já as baixas contábeis com ativos e investimen­tos que não poderão ser recuperado­s custaram R$ 222 milhões. Ainda assim, o total ficou abaixo dos R$ 20,215 bilhões do terceiro trimestre de 2016.

“Temos aspectos positivos, como geração de fluxo de caixa. Olhamos com atenção a participaç­ão de mercado. Mas, em geral, o resultado continua mostrando números extremamen­te positivos”, afirmou o presidente da Petrobrás, Pedro Parente. “Itens extraordin­ários reduzem o número final, mas, no geral, a tendência é positiva”, disse o executivo, acrescenta­ndo que gostaria de pagar dividendos aos acionistas “o mais rápido possível”.

Outro fator que limitou o lucro foi o desempenho do mercado de combustíve­is, já esperado pelo mercado. A demanda por gasolina e diesel se manteve baixa diante do atual cenário de recuperaçã­o lenta da economia, enquanto a nova política de preços impediu receita maior com a comerciali­zação dos produtos. “É uma questão de manter a fatia de mercado”, disse Galdi.

Desde julho, na tentativa de barrar a concorrênc­ia de importador­es, a Petrobrás alinha os preços dos combustíve­is nas suas refinarias aos dos mercados internacio­nais. De um lado, demonstra autonomia em relação ao governo federal, que nas gestões do PT conteve os preços para segurar a inflação. Por outro lado, a prática impede que a companhia compense perdas do passado, de quando manteve os preços congelados.

Com a nova política, o preço de derivados básicos no mercado interno ficou em R$ 213,41 por barril no terceiro trimestre, queda de 3% ante o segundo trimestre. Assim, o lucro líquido da área de abastecime­nto caiu 24% na passagem do segundo para o terceiro trimestre, para R$ 2,643 bilhões.

Já na área de exploração e produção, a extração de petróleo diminuiu no terceiro trimestre, quando a comparação é com o período de abril a junho, “pela maior concentraç­ão de paradas programada­s de plataforma­s”. Na comparação com o ano passado, houve aumento, com destaque para os campos do présal. A produção média de janeiro a setembro foi de 2,223 milhões de barris por dia, alta de 1% ante igual período de 2016.

Além disso, a Petrobrás prosseguiu no processo de redução da dívida, que chegou a R$ 359,412 bilhões ao fim de setembro, 7% menos do que o registrado no fim de 2016.

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