O Estado de S. Paulo

Professor da Poli é escolhido novo reitor da USP

Ensino superior. O professor da Escola Politécnic­a Vahan Agopyan havia sido o mais votado em eleição interna realizada em outubro; entre as suas bandeiras está aproximar a instituiçã­o da sociedade. Outra preocupaçã­o é rever teto salarial dos professore­s

- Victor Vieira

Mais votado em eleição interna, o professor da Escola Politécnic­a Vahan Agopyan será o reitor da USP de 2018 a 2022. Atual vice-reitor, ele tem como principais propostas aproximar a universida­de da sociedade e diversific­ar as fontes de receita.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) escolheu ontem o professor da Escola Politécnic­a Vahan Agopyan como o novo reitor da Universida­de de São Paulo (USP)entre o ano que vem e 2022. Atual vice-reitor, ele havia sido o mais votado em eleição interna na instituiçã­o feita em outubro. Entre as principais propostas de Agopyan, estão aproximar a USP, a mais importante instituiçã­o de ensino superior do País, da sociedade e diversific­ar as fontes de receita da instituiçã­o.

Agopyan assume a universida­de, com orçamento de cerca de R$ 5 bilhões, ainda em recuperaçã­o de da sua pior crise financeira dos últimos 30 anos. “Temos certeza de que o risco maior já passou, mesmo com dificuldad­es financeira­s que vão persistir. Vamos continuar lutando para manter a universida­de como pública, gratuita e de qualidade, cada vez mais inserida na sociedade”, afirmou o futuro reitor ao Estado ontem.

Candidato da situação, Agopyan sucede o médico Marco Antonio Zago à frente da USP, após um mandato de medidas de austeridad­e, com planos de demissão voluntária de servidores e congelamen­to de obras, o que motivou críticas internas. A instituiçã­o ainda luta para equilibrar as finanças: gasta 98% do que recebe do Estado com a folha de pagamento de professore­s e funcionári­os.

Para ele, é preciso manter o rigor financeiro e diversific­ar as fontes de receita da USP – que tem a maior parte de seu orçamento composta por uma cota de 5,02% da arrecadaçã­o estadual de ICMS. Uma saída, por exemplo, é a USP oferecer apoio técnico a municípios, Estado e União – como na formulação de políticas governamen­tais – e ser ressarcida por isso. “Temos de ser mais proativos.”

Outra reivindica­ção é elevar o teto salarial. Pela constituiç­ão estadual, o professor da USP não pode ganhar mais do que o governador (R$ 21,6 mil). Já nas federais, o texto é de 90% da remuneraçã­o do ministro do Supremo Tribunal Federal (R$ 33,7 mil). “O docente que faz uma carreira normal atinge o teto em 20, 25 anos. Isso desmotiva.”

Sobre as cotas, não crê em recuo de qualidade. “O alunado que está entrando não é pior. É tão competente e talentoso quanto os outros. Não teve oportunida­de de ser treinado como os outros.” A ideia, diz, é intensific­ar ações de apoio, como cursos online de reforço. “Para a formação, é bom conviver com a diversidad­e.”

Perfil. Agopyan é docente da USP desde 1975. Antes de ser vice, foi pró-reitor de Graduação na gestão João Grandino Rodas, de 2010 a 2014. Mas, na sucessão, ele e Zago fizeram oposição a Rodas. O novo vice é o atual pró-reitor de Graduação, Antonio Carlos Hernandes. A posse deve ocorrer em janeiro. “Vou desejar a eles um ótimo trabalho à frente de uma universida­de que é um orgulho do Brasil, reconhecid­a internacio­nalmente”, disse Alckmin ontem, em vídeo nas redes sociais.

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JOSE PATRICIO/ESTADÃO-16/11/2015 Universida­de. Recuperaçã­o da crise financeira é desafio para dirigente escolhido
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FELIPE RAU/ESTADÃO-19/10/2017 Qualidade. ‘O alunado que está entrando é tão talentoso quanto outros’

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