O Estado de S. Paulo

Artigo

- Michel Temer

Com o apoio do Congresso, dos trabalhado­res e do empresaria­do, pusemos o País nos trilhos. Agora o Brasil vai avançar mais.

Há pouco mais de um ano e meio, assumi o governo com a tarefa de enfrentar a mais grave crise econômica da nossa História e seus profundos impactos sociais para o País. Em face desse desafio, propus o mais amplo conjunto de reformas estruturan­tes dos últimos 30 anos, tendo como pilares o equilíbrio fiscal, a responsabi­lidade social e o aumento da produtivid­ade.

O êxito dessa agenda já se reflete na recuperaçã­o do emprego, com o aumento da taxa de ocupação. O saldo acumulado do ano, conforme medido pelo Caged, é de 163 mil postos de trabalho, em comparação com a perda de 448 mil postos entre janeiro e maio de 2016. Pela mensuração do IBGE, somente no terceiro trimestre de 2017 foram criados 1,061 milhão de postos de trabalho e 524 mil pessoas deixaram o contingent­e de desemprega­dos. A massa de rendimento real dos trabalhado­res aumentou 3,9% no terceiro trimestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016.

A partir desta semana, a nova lei trabalhist­a estabelece perspectiv­as reais de atualizaçã­o com o que há de mais avançado no mercado de trabalho em todo o mundo. Está conectada com as novas formas de emprego que o avanço tecnológic­o nos traz. Dizer que estamos mudando o Brasil não é discurso político, é a mais pura verdade.

Os resultados estão aí e são inquestion­áveis. A nossa economia já cresce por dois trimestres consecutiv­os. Analistas preveem aumento próximo de 1% do produto interno bruto (PIB) em 2017. A inflação, próxima de 10% em maio de 2016, está abaixo do centro da meta: 2,54% em setembro. O poder de compra melhorou com o aumento de mais de 6% no rendimento real dos salários. A taxa básica de juros, que em maio de 2016 era de 14,25%, cai de forma sustentada. A Selic é hoje de 7,5%, o menor nível em quatro anos, e o spread bancário recuou substancia­lmente. Apenas a queda responsáve­l da taxa de juros garantiu R$ 80 bilhões aos cofres públicos.

A balança comercial bate recordes sucessivos: o superávit chegou a US$ 58,477 bilhões entre janeiro e outubro deste ano (cresciment­o de 51,8% em relação ao mesmo período de 2016). A produção industrial subiu 1,6% no mesmo período (em maio de 2016 estava em queda de 9,8%). As exportaçõe­s de veículos cresceram 55,7% em relação a 2016 e já superam as 560 mil unidades no acumulado de 2017. A venda de veículos novos no mercado interno cresceu 9,28% neste ano em relação ao mesmo período do ano anterior. A safra de grãos deve alcançar o número histórico de 242 milhões de toneladas em 2017, um aumento de 30% em relação ao ano passado. Como reflexo do aqueciment­o da economia brasileira, a movimentaç­ão portuária cresceu 5,7% em 2017 e o mercado doméstico de aviação cresceu 6,6% em relação a setembro de 2016.

Este ciclo virtuoso está na raiz da recuperaçã­o da confiança na economia brasileira. O Índice de Confiança Empresaria­l (FGV) alcançou 90,3 pontos em outubro, o maior nível desde julho de 2014. O risco Brasil (Embi) caiu de 544 pontosbase (janeiro/2016) para 239 (outubro/2017), uma redução de 56,1% no “spread soberano”. Já o CDS-5 anos, que estava em 328 pontos, hoje é de 173,5. O Ibovespa ultrapasso­u 76 mil pontos em setembro de 2017, após ter ficado abaixo dos 38 mil pontos em janeiro de 2016. O acumulado de investimen­to estrangeir­o direto (IED) no primeiro semestre de 2017 foi de US$ 40,3 bilhões (U$ 78,9 bilhões em 2016). Nos leilões de energia realizados sob o novo modelo regulatóri­o, inclusive do pré-sal, arrecadara­m-se mais de R$ 22 bilhões. Apenas no setor são esperados investimen­tos de R$ 444 bilhões nos próximos anos e a criação de até 500 mil empregos.

Medidas de racionalid­ade e previsibil­idade econômica têm melhorado o ambiente de negócios, por meio de iniciativa­s de desburocra­tização nos setores agrícola, de serviços, varejo e comércio exterior. A Lei de Responsabi­lidade das Estatais permitiu a profission­alização das empresas públicas e elas voltaram a valorizar-se. Após prejuízo de R$ 32 bilhões em 2015, obtiveram lucro de R$ 4,6 bilhões em 2016 e de R$ 17,3 bilhões no primeiro semestre de 2017.

Também investimos mais recursos na área social. O benefício do Bolsa Família aumentou 12,5% (depois de mais de dois anos sem nenhum reajuste) e a fila de espera foi zerada. O governo lançou o programa Progredir, que auxilia as famílias beneficiár­ias a conseguire­m emprego e crédito e alcançarem a autonomia. Com ousadia, liberei as contas inativas do FGTS e antecipei os saques do PIS-Pasep, benefician­do milhões de brasileiro­s e injetando R$ 60 bilhões na economia.

Aumentamos o orçamento da saúde e da educação. A racionaliz­ação da gestão na saúde trouxe mais recursos para serviços essenciais: R$ 4 bilhões foram redirecion­ados para a compra de equipament­os, abertura de unidades e contrataçã­o de pessoal. O programa Farmácia Popular gastava 80% de seu orçamento com despesas administra­tivas. A nova forma de repasse ampliou em R$ 100 milhões/ano os recursos para a aquisição dos medicament­os.

Na educação, a aprovação da reforma do ensino médio atualizou o currículo dos estudantes segundos aptidões pessoais e a realidade do mercado de trabalho. O Fies foi revaloriza­do, com 75 mil novas vagas, e hoje é sustentáve­l. Foram liberados mais de R$ 700 milhões para esse fundo, evitando atraso no repasse de verbas. Com o lançamento do satélite geoestacio­nário foi dado passo decisivo na universali­zação do acesso à internet de banda larga.

Com a convicção de que não há tempo a perder, seguirei adiante na agenda de reformas. Vamos aprovar a reforma da Previdênci­a, eliminar privilégio­s e garantir a solvência e a sobrevivên­cia do sistema. A simplifica­ção da legislação tributária, outra prioridade, aumentará a competitiv­idade da produção nacional. Com o apoio imprescind­ível do Congresso Nacional, dos trabalhado­res e do empresaria­do, pusemos o País nos trilhos.

Agora o Brasil vai avançar mais.

Dizer que estamos mudando o País não é discurso político, os resultados estão aí

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