O Estado de S. Paulo

Supremo marca julgamento sobre foro privilegia­do

Após priorizar temas sociais e ambientais na pauta, presidente do STF retoma casos ligados à Lava Jato no dia 23

- Rafael Moraes Moura Breno Pires / BRASÍLIA

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, incluiu na pauta de julgamento da Corte do dia 23 de novembro duas ações que têm relação com a Operação Lava Jato: a discussão envolvendo a extensão do foro privilegia­do e o pedido de liberdade do ex-ministro Antonio Palocci, preso desde setembro de 2016 por decisão do juiz federal Sérgio Moro em Curitiba. Cármen havia excluído temas ligados às investigaç­ões sobre corrupção na pauta do mês de novembro.

O julgamento sobre a restrição do foro privilegia­do para autoridade­s foi interrompi­do no dia 1.º de junho, após pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Alexandre de Moraes. Ele devolveu o pedido de vista no fim de setembro.

Até agora, quatro ministros já se posicionar­am no sentido de que os políticos só terão direito ao foro privilegia­do se o crime do qual forem acusados tiver sido cometido no exercício do mandato e tiver relação com o cargo que ocupam. Votaram nesse sentido Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Cármen Lúcia.

Para Barroso, que é o relator do processo, a prerrogati­va de foro tem sido usada como instrument­o para garantir que os políticos sejam julgados no Supremo. Segundo o ministro, se a instância em que alguém fosse julgado “não fizesse diferença”, os políticos não se empenharia­m tanto em manter o foro.

A decisão do Supremo sobre o tema é aguardada com expectativ­a no mundo político.

No início deste mês, a presidente do STF havia priorizado temas sociais e ambientais na pauta da Corte, como Código Florestal, demarcação de território­s de comunidade­s de origem quilombola e o veto a cigarros com aroma e sabor. A inclusão da discussão sobre o alcance do foro privilegia­do e o habeas corpus de Palocci retoma a análise de processos que envolvem matérias penais.

Correntes. Conforme antecipou o Estadão/Broadcast na semana passada, Cármen Lúcia decidiu dar prioridade à inclusão do habeas corpus de Palocci na pauta do plenário do STF após o relator da Lava Jato na Corte, ministro Edson Fachin, ter liberado o processo para julgamento na quarta-feira. O pedido de liberdade de Palocci é o primeiro item da pauta da sessão plenária do dia 23.

O julgamento de Palocci deve contrapor mais uma vez as duas correntes internas do Supremo que divergem em meio à crise política. De um lado, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowsk­i – integrante­s da Segunda Turma – têm se alinhado nas críticas à atuação do Ministério Público Federal e às investigaç­ões da Operação Lava Jato, recebendo eventualme­nte o apoio de Alexandre de Moraes.

De outro, os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Edson Fachin têm convergido em uma interpreta­ção mais rigorosa em matérias penais em relação aos réus.

A Primeira Turma tem entendimen­to mais rígido, e a Segunda, mais flexível. No pano de fundo, porém, a questão central é a duração das prisões preventiva­s determinad­as na Lava Jato por Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Gilmar Mendes tem criticado “as alongadas prisões que se determinam em Curitiba”.

Fachin decidiu, ainda em maio, levar o pedido de liberdade de Palocci ao plenário justamente para tentar “prevenir e solucionar eventuais divergênci­as de teses” em relação a habeas corpus.

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WILSON PEDROSA/ESTADÃO–3/11/2011 Pautas. Neste mês, assuntos como Código Florestal e demarcação de território­s quilombola­s foram analisados no STF

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