O Estado de S. Paulo

Entrega da Linha 5 vai atrasar de novo

Adiamento da conexão com restante do metrô será de ao menos 4 meses; Estado culpa problemas em poços e estações e multa consórcio

- Bruno Ribeiro /COLABOROU JULIANA DIÓGENES

A conexão da Linha 5-Lilás da Companhia do Metropolit­ano de São Paulo (Metrô) com o restante da rede metroviári­a, prevista para ocorrer até dezembro, vai atrasar ao menos mais quatro meses. Em entrevista exclusiva ao Estado, o secretário dos Transporte­s Metropolit­anos, Clodoaldo Pelissioni, apontou problemas na execução de obras entre as futuras Estações Eucaliptos e Moema e disputas administra­tivas entre empresas que fariam o acabamento das Estações Santa Cruz (ligação com a Linha 1-Azul) e Chácara Klabin (ligação com a Linha 2-Verde).

“Temos as sete estações em obras, com 4,3 mil funcionári­os trabalhand­o e temos os cronograma­s que pretendemo­s cumprir agora: entregar em janeiro a Estação Eucaliptos; em fevereiro, Moema, AACD-Servidor e Hospital São Paulo; em abril as duas integraçõe­s, Santa Cruz e Chácara Klabin; e em dezembro, Campo Belo”, relatou Pelissioni. Anteriorme­nte, as estações estavam previstas para dezembro, exceto a Estação Campo Belo, que ficaria para 2018.

É mais um adiamento no cronograma da obra, cuja promessa original de entrega era 2014. Logo no início, porém, os serviços foram suspensos por suspeitas de ação de cartéis tanto nas obras civis quando no fornecimen­to dos trens – os processos ainda estão na Justiça.

Posteriorm­ente, previa-se conexão para 2015 – alterado depois para 2016, 2017 e agora 2018. Ainda assim, as obras devem ser entregues pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), antes do prazo para sua desincompa­tibilizaçã­o – caso venha a ser candidato a presidente – em abril.

O secretário explica que, entre Eucaliptos e Moema, houve um atraso de dois meses em obras das empresas Tiisa e Heleno da Fonseca, que atuam em consórcio, o que acabou afetando as obras de túneis de ventilação de segurança. “Já nas interligaç­ões, tivemos de contratar uma empresa para executar o acabamento e tivemos recursos administra­tivos e judiciais na licitação. Tentamos a todo o custo manter a meta, mas para manter a segurança vimos que não seria possível.”

O consórcio, segundo o Metrô, foi multado em R$ 4,6 milhões. A reportagem procurou as empresas, mas não conseguiu localizar a assessoria de imprensa da Tiisa. Na Heleno, o Estado pediu posicionam­ento, mas os responsáve­is não se pronunciar­am até 23 horas.

Outro tema relacionad­o à Linha 5 ainda indefinido é a concessão do ramal, associado ao monotrilho da Linha 17-Ouro, à iniciativa privada. O edital está suspenso por determinaç­ão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que atendeu a pedido da bancada do PT na Assembleia. “Todos os esclarecim­entos já foram prestados”, diz Pelissioni.

Enquanto isso, a população se mostra impaciente com a demora da obra. “Se tivesse metrô, eu já estaria em casa em vez de ficar parado, em pé, esperando o único ônibus que me leva em casa”, diz o consultor de vendas Fábio Henrique Sousa, de 33 anos, que aguardou o coletivo ontem por mais de uma hora. Iria de Moema, na zona sul, onde trabalha, até o Jardim Ângela, também na zona sul.

Demais obras. Pelissioni afirma que o restante das obras em execução no Metrô estão dentro dos prazos. A próxima inauguraçã­o, prevista para dezembro, é da Estação Higienópol­is Mackenzie, da Linha 4-Amarela, na região central da cidade.

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