O Estado de S. Paulo

Ano eleitoral deixa GP do Brasil sob risco

Indefiniçã­o política do País impede negociação para renovar contrato, que só deve ser iniciada após a próxima eleição

- Felipe Rosa Mendes

O futuro do GP do Brasil de Fórmula 1 ficará em modo de espera nos próximos meses. Com contrato até 2020, a organizaçã­o da corrida brasileira vai aguardar pelas eleições presidenci­ais do próximo ano para dar início às negociaçõe­s visando a permanênci­a da prova em São Paulo pela próxima década.

Em entrevista ao Estado, o promotor do GP, Tamas Rohonyi, afirmou que a renovação do contrato vai depender de uma “decisão política”. “Um evento deste tamanho, como a Fórmula 1, uma Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos, seja aqui ou na China, dependem essencialm­ente de decisões políticas, e não esportivas ou econômicas. Apenas políticas”, ressaltou. “Não é algo simples, tem até tramitaçõe­s internacio­nais.”

Mas, na sua avaliação, o panorama político da cidade e do país estão indefinido­s. A possível saída de João Doria da Prefeitura, para se candidatar a outro cargo, e a disputa presidenci­al contribuem para o quadro, que pode afetar o futuro do GP.

“Falta para nós neste momento uma decisão um pouquinho mais clara sobre quais são as forças políticas de 2018 que podem interferir de uma forma ou de outra (no futuro do GP). O Doria vai ficar na prefeitura? Vai ser candidato? Quem vai ser o novo presidente?”, questionou Rohonyi.

Por conta destas interrogaç­ões, ele acredita que o melhor será iniciar a negociação após as eleições, marcadas para outubro próximo. “Acho que o momento certo para tomar uma decisão é depois das eleições presidenci­ais, para sabermos para qual lado as coisas vão e, principalm­ente, para saber como o país estará economicam­ente.”

As eleições já prejudicam a programaçã­o natural do processo de renovação do GP. Geralmente, as discussões se iniciam a dois anos do fim do contrato. Mas o processo de privatizaç­ão do Autódromo de Interlagos impede o começo das conversas porque a organizaçã­o da corrida brasileira não sabe quem será o novo dono do local. Pela previsão inicial do prefeito, o circuito seria leiloado até abril. Mas questões na Justiça podem adiar a venda.

Por essa razão, o promotor do GP admite que há possibilid­ade de levar a corrida para fora de São Paulo. “Temos dois ou três planos de contingênc­ia. O prefeito nos disse que devemos ficar aqui e eu respondi: só vamos ir para outro lugar se o senhor nos expulsar de São Paulo”, declarou. “Infelizmen­te, é uma situação que segue indefinida.”

As possibilid­ades são Florianópo­lis, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, com mais chances para as duas primeiras. Mas Rohonyi pondera que uma decisão política também pode pesar na definição sobre o plano B. “Se amanhã um presidente dizer que quer o GP em Brasília, pronto está feito”, afirmou.

Violência. Depois de ser vítima de uma tentativa de assalto na noite de domingo – uma van com funcionári­os foi atacada na saída do autódromo –, a Pirelli decidiu cancelar o teste de pneus que faria hoje e amanhã em Interlagos.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-12/11/ 2017 Indefiniçã­o. Para promotores do GP do Brasil, decisão política vai definir futuro da prova

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