O Estado de S. Paulo

Energia de Belo Monte vai chegar em dezembro

Linhão percorre 2 mil quilômetro­s, do Pará até São Paulo e Minas; fornecimen­to deve ajudar a reduzir pressão sobre grandes reservatór­ios, que estão secos

- André Borges / BRASÍLIA

A linha de transmissã­o de 2.087 quilômetro­s de extensão que vai distribuir a energia gerada pela hidrelétri­ca Belo Monte, no Rio Xingu, está pronta e passa pelos últimos testes. O chamado bipolo, formado por duas linhas paralelas de transmissã­o, deve entrar em operação no dia 12 de dezembro.

A operação deve ajudar a reduzir a pressão sobre grandes reservatór­ios do País, que vivem o pior cenário hídrico da história. No Rio São Francisco, a barragem de Sobradinho, que regula uma série de hidrelétri­cas rio abaixo, está com apenas 2% de sua capacidade total de armazename­nto e deve chegar a zero até o fim deste mês. No Rio Tocantins, o reservatór­io de Serra da Mesa, o maior do País em volume de água, está com 6% de sua capacidade plena.

Com o início do período chuvoso em dezembro, a linha que carregará a energia retirada do Rio Xingu vai apoiar a entrega de eletricida­de das sete turbinas de 611 megawatts (MW) cada que já estão em operação em Belo Monte, além das máquinas da casa de força complement­ar da usina, que geram 233 MW. Sem a linha, Belo Monte não teria como distribuir sua energia, por causa de restrições técnicas de linhas locais.

A linha de transmissã­o custou R$ 5 bilhões e foi erguida pela concession­ária BMTE. Começa no município de Anapu, no Pará, a 17 quilômetro­s de distância da usina, e corta 65 municípios de quatro Estados – Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais –, até chegar ao município de Estreito, na divisa de Minas e São Paulo. Será a primeira rede de “ultra alta tensão” (800 kilovatts) a funcionar no País.

Testes. “A estrutura foi 100% concluída e os testes com energia já começaram. A partir de dezembro, a geração de Belo Monte começa a chegar à Região Sudeste”, disse Newton Zerbini, diretor de meio ambiente da BMTE, concession­ária formada pela chinesa State Grid em parceria com Furnas e Eletronort­e.

A previsão da BMTE é que o Ibama libere a licença de operação da malha até a primeira semana de dezembro. A autorizaçã­o é necessária para que a rede seja efetivamen­te acionada. O prazo, conforme adiantou o Estado em setembro, antecipa em dois meses o cronograma original de operação da linha, que tinha previsão contratual de ser energizada em 12 de fevereiro de 2018.

Neste ano, as obras da BMTE passaram a ser monitorada­s semanalmen­te pelo Ministério de Minas e Energia, pelo Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com o propósito de antecipar a operação do linhão.

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