O Estado de S. Paulo

Processo de pacificaçã­o reflete na criação musical

- / J.M.

A paz. Foi a sensação da proximidad­e histórica com a paz e um otimismo com os rumos do país que fizeram com que a música colombiana desse um salto nos últimos anos. A conclusão é dos próprios colombiano­s, que sentem hoje o processo de pacificaçã­o entre as forças do governo, as milícias, o narcotráfi­co e as guerrilhas das Farc, uma guerra que custou 50 anos de sangue. A inspiração de uma Colômbia livre, para os colombiano­s, afetou diretament­e a produção artística local.

Sebastián Marroquín, nome do mesmo homem que um dia foi Juan Pablo Escobar, filho do maior traficante de todos os tempo, Pablo Escobar, fala ao Estado sobre o que pensa do momento em seu país. “Não sou um expert em música, mas esses artistas, sem dúvida, refletem a mudança de atitude de todos os colombiano­s, e a esperança e o desejo de que todos vivam em paz.”

Um dos maiores produtores de festivais de música na Colômbia, responsáve­l pelo reconhecid­o Circulart, de Medellín, Octavio Arbelaez vai mais fundo em sua crença: “A Colômbia, em sua luta pela paz, precisa que o setor cultural e artístico lidere um projeto de transforma­ção não apenas ética, mas também cultural profunda. Para que isso comece a ocorrer, é necessário pelo menos dois fatores: uma mínima confiança nos processos e força de vontade para saltar os obstáculos que certamente vão aparecer.” Para ele, o mundo da música “deve pensar-se em relação a tudo isso.”

Mario Galeano, do Ondatrópic­a, diz que o processo de pacificaçã­o rende frutos práticos. Há regiões na Colômbia, antes dominadas pelas Farc, que guardavam ritmos musicais importante­s, como o currulao, e instrument­os, como a marimba colombiana, mas que acabavam ficando confinados a esses território­s proibidos. Essas músicas também passam a ser mescladas com o rock ou o eletrônico em trabalhos liderados por jovens, que dão à tradição uma outra dimensão.

“Estamos nos reconhecen­do de novo como país”, diz Galeano. “A guerra com as Farc, hoje, está a 10% do que era há cinco anos.”

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