O Estado de S. Paulo

De dezembro a fevereiro, tudo se mistura em Salvador

De dezembro até o carnaval, uma série de festejos com origem religiosa e muito sincretism­o tomam conta de Salvador. Com atrativos até para quem não é tão devoto assim

- Júlia Belas ESPECIAL PARA O ESTADO

Não é só sol, praia e axé. A alta temporada em Salvador também é marcada por uma mistura de fé e folia, com algumas de suas festas religiosas mais icônicas. Os festejos começam em 4 de dezembro, com as homenagens a Santa Bárbara (Iansã no sincretism­o com as religiões de matriz africana), e vão até o Carnaval. Para o antropólog­o Ordep Serra, autor do livro Rumores de festa: o sagrado e o profano

na Bahia, a mistura entre religiosos e foliões é parte do ritual. “Nas festas de largo, uma parte transcorre no recinto sagrado e uma parte transcorre fora. A maior massa vai para fora da igreja, que tem dimensão profana, mas essa parte também tem relação com o sagrado”, afirma. Cantos, rezas e a própria folia fazem parte dos rituais. Um exemplo é a Lavagem do Bonfim, que é considerad­a o único festejo do Cristo crucificad­o que tem um tom mais alegre. “No mundo inteiro, está todo mundo choroso porque Cristo morreu pelos nossos pecados, mas aqui a festa vem de uma releitura de Oxalá, que é uma entidade que gosta de alegria.”

Presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington explica que esses festejos, que fazem parte da cultura local e têm ampla participaç­ão da população, passaram a ser mais valorizado­s. “Festa, para nós, é coisa séria. A gente tem esse lado descontraí­do do baiano de receber bem, mas temos um grupo de pessoas ligadas a todo esse universo e que vivem disso o ano todo.”

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TEREZA TORRES/SETUR Tradição. Barcos levam oferendas para Iemanjá

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