O Estado de S. Paulo

Reforma ministeria­l fatiada

Temer indica que fará mudanças por fases e não vai pedir a saída em bloco dos titulares da Esplanada que forem candidatos

- Felipe Frazão Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O presidente Temer indicou a aliados que pretende fazer a reforma ministeria­l por fases.

O presidente Michel Temer indicou a aliados ontem que pretende fazer uma reforma ministeria­l por fases ao invés de trocar, de uma só vez, todos os ministros que desejam disputar as eleições de 2018.

Temer já havia começado a sondar ministros em reuniões sobre o tema, mas partidos da base governista reagiram, preocupado­s com a disposição do presidente de mudar os titulares da Esplanada dos Ministério­s de forma antecipada, já em dezembro. A ideia é que as trocas comecem no próximo mês, mas um segundo bloco de ministros pode deixar o governo em março, seguindo o calendário eleitoral.

“Não passa pela cabeça dele (Temer) mexer em 17 ministério­s. Ele sabe que tem que resolver, mas não é trocando 17 ministros num momento como esse. Vai fazer em duas etapas, acho que uma primeira fase e depois em março, que é o prazo fatal de quem é candidato, e todo mundo está preparado para isso. Tem ministro que nem sabe se vai ser mesmo candidato ou não”, disse o vice-líder do governo, deputado Beto Mansur (PRB-SP), que conversou com Temer no avião presidenci­al durante a viagem para Itu (SP).

Mansur afirmou que Temer está numa rodada de conversas com os ministros, presidente­s dos partidos e lideranças e admitiu a necessidad­e de mexer na “desproporc­ionalidade” do PSDB – o partido comanda três pastas após a saída de Bruno Araújo das Cidades.

Reservadam­ente, auxiliares de Temer e ministros ponderam que ainda planejavam faturar politicame­nte com ações do governo no início do ano que vem. Os ministros que pretendem se candidatar a cargos eletivos (de governador, senador ou deputado) são obrigados por lei a se desincompa­tibilizar seis meses antes do primeiro turno e trabalhava­m com esse prazo. Também desconfort­a aos alvo de investigaç­ão no Supremo – e não detentores de mandato – antecipar a perda do foro privilegia­do.

O Palácio do Planalto quer promover as substituiç­ões apenas depois de tentar aprovar na Câmara dos Deputados a reforma da Previdênci­a. A intenção do governo é usar a troca como contrapart­ida para garantir votos de apoio à Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) 287, que altera as regras de aposentado­rias.

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