O Estado de S. Paulo

Base tem dificuldad­e de aprovar pacote, diz Maia

Presidente da Câmara critica Planalto por considerar que há uma tentativa de transferir responsabi­lidade sobre reforma da Previdênci­a para o Congresso

- Igor Gadelha Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Em meio às negociaçõe­s do governo com a base aliada para a reforma ministeria­l e os esforços para a votação das mudanças nas regras da Previdênci­a, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avalia que o presidente Michel Temer terá dificuldad­es para aprovar o pacote de medidas de ajuste fiscal de 2018.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, anteontem, Maia afirmou que os projetos no Congresso que tratam, por exemplo, do adiamento dos reajustes dos servidores públicos e o aumento da alíquota previdenci­ária do funcionali­smo são “temas difíceis” de serem aprovados este ano.

“Acho que são temas difíceis (de aprovar). O governo tem que estar com a base organizada. Acho que a suspensão do reajuste dos servidores e o aumento da contribuiç­ão previdenci­ária são mais difíceis do que a questão (da tributação)

dos fundos (fechados de investimen­to)”, afirmou.

Para Maia, o governo não teria fôlego para enfrentar protestos organizado­s por centrais e grupos ligados ao funcionali­smo público e os deputados não estariam dispostos a se indispor com as categorias.

“O servidor público, muitas categorias, tem uma boa mobilizaçã­o. Então, o deputado sempre tem mais preocupaçã­o nisso do que em relação a tributar fundos. Até porque a esquerda certamente vai votar a favor da tributação dos fundos, então vai ter uma votação mais tranquila”, disse o presidente da Câmara.

Em agosto, o ministro do Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Gestão, Dyogo de Oliveira, anunciou a intenção da equipe econômica de adiar em 12 meses do reajuste de salário para os servidores públicos do Executivo federal. Pelo acordado inicialmen­te, as categorias teriam aumento a partir de agosto deste ano ou janeiro do ano que vem. O congelamen­to do reajuste não atinge os militares.

Com a postergaçã­o dos aumentos, o governo esperava economizar R$ 5,1 bilhões em 2018. Os reajustes para o Executivo federal foram negociados em 2015, ainda durante o governo da presidente cassada Dilma Rousseff. Quando Michel Temer assumiu, em 2016, manteve os acordos.

O presidente da Câmara criticou o Palácio do Planalto por considerar que há uma tentativa de transferir a responsabi­lidade pela aprovação da reforma da Previdênci­a ao Congresso. Em conversas com líderes e aliados, o presidente Michel Temer tem condiciona­do a nova distribuiç­ão de cadeiras nos ministério­s aos votos dados pelos partidos na proposta que muda as regras previdenci­árias.

Temer quer deixar as trocas acertadas, mas só entregar efetivamen­te os cargos depois de conferir o painel de votação. Por ser uma emenda à Constituiç­ão, a reforma da Previdênci­a precisa ser aprovada em dois turnos por, pelo menos, 308 deputados.

Ontem, Maia ofereceu um almoço na residência oficial em que estava o ministro tucano Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), um dos que podem deixar o cargo na reforma.

Para Maia, a intenção de Temer de antecipar a saída dos ministros-candidatos pode atrapalhar a recuperaçã­o econômica do País e até mesmo o ambiente político. “Olhando de longe acho que vai parar o governo”.

Reoneração. Maia também adiantou que deseja pautar a reoneração da folha de pagamentos ainda este ano, mas que o projeto enviado “tem problemas”. “A MP que o governo encaminhou já caducou, o que significa que não tem acordo no Congresso. Estou tentando um acordo, tanto que escolhi um relator da oposição para que ele possa, transitand­o nas duas bases, no governo e na oposição, ajudar a construir um texto que não seja aquilo que o governo quer, mas que garanta a arrecadaçã­o.”

 ?? ANDRE DUSEK/ESTADÃO–14/11/2017 ?? Agenda. Maia quer pautar reoneração da folha ainda este ano, mas projeto ‘tem problemas’
ANDRE DUSEK/ESTADÃO–14/11/2017 Agenda. Maia quer pautar reoneração da folha ainda este ano, mas projeto ‘tem problemas’

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil