Ex-governador é solto um dia após a prisão
Em menos de 24 horas, a Justiça concedeu ontem habeas corpus para o ex-governador do Mato Grosso do Sul André Puccineli (PMDB) e seu filho, André Puccineli Júnior. O desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), deu a liminar pedida pela defesa do ex-governador preso na terça-feira durante a Operação Papiros de Lama.
A investigação é um desdobramento da Operação Lama Asfáltica, que investiga supostos desvios de R$ 235 milhões em obras com recursos públicos da União. Desses, haveria um esquema de propinas de R$ 20 milhões para ex-governador.
Puccinelli Júnior teria recebido R$ 1,2 milhão da JBS, segundo o delator Ivanildo Miranda, fundamental para a força-tarefa da 5.ª fase da Operação Lama Asfáltica. Além disso, o advogado teria vendido milhares de cópias de um dos seus livros de direito para a Águas Guariroba, concessionária de água e esgoto de Campo Grande, por R$ 360 mil. Segundo a investigação, a venda foi simulada para disfarçar a propina.
A Polícia Federal atribui a Puccinelli “papel central” na organização criminosa que teria praticado atos de corrupção no governo de Mato Grosso do Sul. A Justiça Federal de Campo Grande decretou bloqueio de R$ 160 milhões do ex-governador e de outros supostos integrantes da organização.
Para defesa, a prisão era “desnecessária”. “Os inquéritos estão sendo conduzidos normalmente já há algum tempo, ele (Puccinelli) não criou nenhum embaraço, nem ele nem o filho. Além disso, não há sequer denúncia criminal contra o ex-governador e seu filho”, diz o criminalista Antônio Carlos Mariz de Oliveira.
Mariz afirma que a decisão teve caráter político: “Nós estranhamos muito essa decisão (decreto de prisão) que tem caráter meramente político”, assinala Mariz.