O Estado de S. Paulo

PGR denuncia ministro do TSE por agressão à esposa

Admar Gonzaga é acusado de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher, Élida Souza Matos

- / B.P.

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, denunciou anteontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga por lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher, Élida Souza Matos.

Gonzaga foi acusado pela mulher em junho. A notícia do crime foi registrada em boletim de ocorrência em Brasília com realização de exame de corpo de delito. Após o registro, Élida voltou à delegacia e fez uma retratação, recuando da acusação feita contra o ministro. Mesmo com a renúncia, o caso seguiu para o Supremo.

“A retratação realizada pela vítima, por ser írrita (nula, sem efeito), não possui qualquer eficácia em relação ao noticiado delito de lesões corporais, cabendo ao Ministério Público adotar as providênci­as que entender cabíveis”, afirmou o ministro do Supremo Celso de Mello, relator do caso.

De acordo com o laudo de exame de corpo de delito, houve “ofensa à integridad­e corporal ou à saúde”. O documento afirma que a mulher de Gonzaga apresentav­a, segundo o laudo, “edema e equimose violácea em região orbital direita”.

Em outubro, Gonzaga enviou manifestaç­ão ao STF se defendendo da acusação. De acordo com ele, a mulher havia recebido a notícia de uma doença, havia bebido vinho sem se alimentar e uma crise de ciúmes acabou desencadea­ndo a briga entre os dois. Ele disse que empurrou a esposa, mas que foi um ato em sua defesa e “que o movimento não foi empregado como meio deliberado de agressão”. O ministro anexou na manifestaç­ão fotos de seu rosto após suposta agressão de Élida.

‘Crise de ciúmes’. “Não são fatos, mas a versão expressada por uma pessoa acometida de grave crise de ciúmes, e que havia degustado algumas taças de vinho a mais, sem o acompanham­ento de adequada alimentaçã­o. Assim como agravante para a desestabil­idade emocional, sucedeu-se a descoberta de doença autoimune, denominada escleroder­mia, conforme já revelado em petição da própria requerente, muito atormentad­a pela exposição que estamos sofrendo”, disse.

Gonzaga justificou o hematoma do olho da esposa afirmando e que ela escorregou em um enxaguante bucal e bateu o rosto na banheira.

“Tal lesão, pelo que me recordo, foi causada pelo tombo que se sucedeu ao escorregão que sofreu sobre o Listerine, e que a levou a bater com o rosto na banheira, mas jamais em face do alegado empurrão em seu rosto.”

Em relação às agressões verbais, o ministro disse que jamais dirigiria ofensas a qualquer mulher, “muito menos àquela que sempre me dirigi como o amor da minha vida”.

Ao ser informado da denúncia, o ministro do TSE disse que precisava analisar a acusação formal antes de comentar. No entanto, afirmou que o casal, hoje separado, está tentando a reaproxima­ção. “O fato de a procurador­a entender que há materialid­ade para oferecimen­to da denúncia eu não tenho o teor dela ainda. A única coisa que sei é que o nosso interesse desde então era a reconcilia­ção”, disse.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–8/6/2017 Julgamento. Gonzaga durante sessão do TSE em Brasília

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