O Estado de S. Paulo

Sebastián Piñera é favorito para vencer no domingo.

Crítico do crescente número de imigrantes no país, Fulvio Rossi foi esfaqueado quando chegava a comitê em Iquique após ser ameaçado

- Pablo Pereira ENVIADO ESPECIAL / SANTIAGO

A quatro dias das eleições presidenci­ais e legislativ­as do Chile – e um dia antes do encerramen­to oficial da campanha eleitoral –, o senador Fulvio Rossi, ex-integrante do Partido Socialista que concorre à reeleição em candidatur­a independen­te, foi esfaqueado ontem por um homem em Iquique, região norte.

Ele foi atacado a facadas por um homem quando chegava ao comitê de campanha depois de receber ameaças por telefone pela manhã. Segundo autoridade­s chilenas, o senador foi hospitaliz­ado, mas não corre risco de morrer. Ele sofreu um corte no tórax e outro na cabeça.

A presidente do Chile, Michele Bachelet, condenou a agressão a Rossi logo após saber do atentado, quando participav­a de uma inauguraçã­o de um hospital no bairro San Miguel, de Santiago. “É inaceitáve­l o ataque sofrido pelo senador Fulvio Rossi”, escreveu a presidente em uma rede social. “Devemos assegurar que o debate político ocorra sempre com respeito. O Chile não merece esta violência”, afirmou Bachelet.

A polícia chilena investiga denúncias de que o senador estaria sofrendo ameaças e a ação teria sido praticada por um homem com sotaque estrangeir­o logo após Rossi ter recebido mensagens com ameaças pelo celular. Segundo depoimento do filho do senador, Franco Rossi, o agressor teria falado com o senador antes do ataque. Rossi critica a presença crescente de estrangeir­os no país.

O debate sobre imigração tem movimentad­o a campanha política chilena. Nos últimos dois anos, o Chile atraiu milhares de imigrantes em busca de oportunida­des de trabalho. Nos últimos dois anos, mais cerca de 160 mil haitianos entraram no Chile, muitos deles ainda fugindo da crise humana decorrente do terremoto que destruiu o Haiti em 2010. Mas há também gente da vizinhança hispânica, como colombiano­s e venezuelan­os, que fogem das crises econômicas de seus países.

O atual líder da corrida presidenci­al, ex-presidente Sebastián Piñera, candidato do bloco Chile Vamos, também usou a rede social para condenar o ataque. “Acabo de falar com o senador Fulvio Rossi, que sofreu um ataque com faca. O Chile não merece violência política”, disse Piñera. No Chile, o voto não é obrigatóri­o e o sistema partidário está sendo ampliado, na contramão, por exemplo, do Brasil, que tenta restringir o número de partidos. Nestas eleições de domingo, o Chile deve renovar 23 das 50 cadeiras do Senado e todas as 155 vagas da Câmara dos Deputados.

“Acabo de falar com o senador Fulvio Rossi, que sofreu um ataque com faca. O Chile não merece violência política”

Sebastián Piñera

CANDIDATO PRESIDENCI­AL

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