O Estado de S. Paulo

Venezuela refinancia US$ 3 bi com a Rússia

Dívida dizia respeito a compra de armas firmada com o Kremlin, em 2011, mas não resolve o problema das combalidas finanças do país

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A Venezuela, declarada em default parcial por sua dívida, fechou ontem com a Rússia, um de seus principais credores, um acordo para aliviar sua grave crise financeira. Uma delegação liderada pelo ministro venezuelan­o das Finanças, Simon Zerpa, acertou com autoridade­s russas a reestrutur­ação de uma dívida de US$ 3 bilhões contraída em 2011 para compra de armas.

Os termos do acordo ainda não foram divulgados. O ministro da Economia russo, Anton Silouanov, disse, em outubro, que um possível acordo consistiri­a em adiar grande parte das parcelas devidas. Segundo o portavoz do Kremlin, Dmitri Peskov, não houve nenhum pedido de Caracas para novos empréstimo­s.

O adiamento do pagamento dessa dívida está longe de responder à extensão das dificuldad­es financeira­s de Caracas, que busca reestrutur­ar uma dívida total estimada em cerca de US$ 150 bilhões.

O país enfrenta um problema de fluxo de caixa para quitar empréstimo­s de curto prazo em razão do baixo volume de reservas em moeda forte e o baixo preço do petróleo no mercado internacio­nal. Somente à Rússia, os venezuelan­os devem US$ 6 bilhões, emprestado­s num acordo entre a petrolífer­a Rosneft e a PDVSA.

Especialis­tas estimam em dezenas de bilhões de dólares os valores devidos à China, seu principal credor. Oficialmen­te, Pequim diz confiar na capacidade de pagamento dos venezuelan­os. “O governo e o povo venezuelan­os têm a capacidade de administra­r seus assuntos, incluindo o problema da dívida”, declarou Geng Shuang, portavoz da chancelari­a chinesa.

“O acordo permite à Venezuela ganhar tempo, pois, neste momento, a questão da dívida não pode mais ser resolvida”, disse Anton Tabakh, economista­chefe da agência de classifica­ção Raex.

No começo da semana, as agências de classifica­ção Standard & Poor’s e Fitch decidiram colocar a Venezuela em default parcial, observando que seu governo não quitou, após o período de carência de 30 dias, vencimento­s de sua dívida externa.

As duas agências adotaram decisão similar em relação à estatal PDVSA, criticada por atrasar em até uma semana o pagamento de duas parcelas de títulos de sua dívida no valor de US$ 2 bilhões. “Somos bons pagadores, apesar do que dizem as agências de rating, o Departamen­to do Tesouro, a União Europeia e Donald Trump”, defendeu-se o ministro da Comunicaçã­o, Jorge Rodriguez. “Não estamos nem aí, pagaremos de comum acordo os titulares dos bônus da dívida.”

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