O Estado de S. Paulo

Brasil quer abrigar conferênci­a do clima

Ministro anunciou ontem a intenção de receber o evento da ONU em 2019, mas não decidiu a cidade; Amazônia ganha verba de R$ 500 mi

- Giovana Girardi ENVIADA ESPECIAL BONN (ALEMANHA) A REPÓRTER VIAJOU COMO BOLSISTA DO FELLOWSHIP CLIMATE CHANGE MEDIA PARTNERSHI­P

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, anunciou ontem, na Conferênci­a do Clima da ONU, que é realizada em Bonn, na Alemanha, que o Brasil é candidato a receber a COP 25, prevista para 2019. A do ano que vem será em Katowice, na Polônia. O anúncio foi feito via Twitter. “O governo brasileiro está disponibil­izando o Brasil para sediar a COP 25”, declarou sucintamen­te o ministro. A Argentina também se candidatou, mas já acolheu o evento em 1998 e 2004.

Ao Estado, Sarney Filho disse depois do anúncio que havia recebido uma ligação do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, dando o aval de que poderia fazer a candidatur­a, e já havia informado à secretária executiva da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), Patrícia Espinosa, sobre a oferta. Afirmou, porém, que isso ainda é um processo e destacou que ainda não foi pensada qual poderia ser a cidade a receber a conferênci­a.

Pelo sistema de rotação das conferênci­as, a cada ano ela deve ocorrer em um continente diferente. No ano passado foi na África (Marrakesh). Neste ano é na Alemanha, mas a presidênci­a é de Fiji, pequena ilha do Pacífico. No ano que vem volta para a Europa, com a Polônia na presidênci­a, e em 2019 deverá ser na América Latina.

A última vez que o continente recebeu uma COP foi em 2014, em Lima, no Peru. O Brasil nunca recebeu a cúpula, mas foi a sede de duas conferênci­as de desenvolvi­mento sustentáve­l da ONU, a Rio 92 e a Rio+20.

Verba. Em dia de discussões sobre combate ao desmatamen­to e desenvolvi­mento sustentáve­l na Amazônia, os governos da Alemanha e do Reino Unido anunciaram aporte de cerca de R$ 500 milhões para o Fundo Amazônia e projetos no Mato Grosso e no Acre.

Por parte do KFW, o banco de desenvolvi­mento da Alemanha, a maior parte da verba, de ¤ 33,92 milhões, é referente à primeira parcela, de um total de ¤ 100 milhões, prometidos pelo país que abriga a COP referentes a resultados de queda de desmatamen­to observados até 2014. Outros ¤ 17 milhões vão para o Mato Grosso e ¤ 10 milhões vão para o Acre, para a implementa­ção do Programa REDD+ (redução das emissões por desmatamen­to e degradação).

A parceria com o Acre vem de cinco anos e se estendeu para o Mato Grosso, ganhando o apoio do Reino Unido, que vai repassar 43 milhões de libras divididos entre os dois Estados e mais 19 milhões de libras para o programa Parceiros pela Floresta.

O anúncio ocorre em um ano em que a Noruega, o principal financiado­r do Brasil, e também a Alemanha, tinham indicado que iriam reduzir seus aportes no Fundo Amazônia

Ainda ontem, o País recebeu uma honraria indesejada pelos participan­tes durante as negociaçõe­s climáticas: o “Fóssil do Dia”. O “prêmio” é dado pela Climate Action Network, rede de ONGs ambientali­stas, para os países que ou estão atravancan­do as conversas na conferênci­a ou não realizaram internamen­te as ações para o combate às mudanças climáticas.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO

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