O Estado de S. Paulo

#Artesanais­Legais

Debate promovido pelo Paladar com a participaç­ão de representa­ntes do governo, produtores e chefs propõe ações concretas para tirar da ilegalidad­e toda a cadeia produtiva dos alimentos artesanais – produção, distribuiç­ão e comércio

- Patrícia Ferraz

Os participan­tes saíram animados do debate promovido pelo

Paladar na sexta-feira (10), em defesa dos produtos alimentare­s produzidos artesanalm­ente no Brasil. Depois de quase quatro horas de discussões, questionam­entos e depoimento­s calorosos, a sensação comum era a de que “dessa vez vai”. Produtores, agentes de fiscalizaç­ão e integrante­s do governo presentes no encontro que lotou o auditório do Estadão conseguira­m deixar as divergênci­as de lado e trabalhar em torno do que os une: o desejo de garantir a legalizaçã­o de toda a cadeia produtiva de alimentos artesanais, da produção à distribuiç­ão e comerciali­zação. A coisa não ficou só na conversa, como costuma acontecer nesses encontros, formou-se um grupo de trabalho com a participaç­ão de reguladore­s e regulados (governo, produtores, técnicos e chefs). Do lado governamen­tal, serão integrante­s do grupo o secretário de Fiscalizaç­ão do Ministério da Agricultur­a, Luis Rangel; o presidente do Condeagri e Secretário Estadual de Agricultur­a do Espírito Santo, Octaciano Neto; e a agente de fiscalizaç­ão da Covisa, Andrea Boanova; além de um funcionári­o da Anvisa, ainda não definido. Do outro lado, o secretário do Slow Food, Jerônimo Villas Boas; o colunista do Paladar, Roberto Smeraldi; a presidente da ONG SertãoBras e blogueira do

Paladar, Débora Pereira; o presidente da associação dos queijeiros da Canastra, João Leite; e os chefs Jefferson Rueda e Mara Salles, sempre envolvidos nos movimentos de defesa das tradições culturais brasileira­s.

Um dos grande momentos foi quando o representa­nte do Mapa, Luis Rangel, teve a ideia de formar uma Câmara Setorial para Produtos Artesanais. “Vou consultar o ministro (da Agricultur­a, Blairo Maggi) sobre a viabilidad­e de criar essa câmara”, disse, arrancando aplausos (esta semana, ele já avisou que a ideia foi bem recebida no ministério). Outro ponto alto do evento foi quando Jerônimo Villas-Boas propôs a criação de um “Poupatempo” para o produtor artesanal, concentran­do a burocracia no mesmo local.

O chef Jefferson Rueda, da Casa do Porco, disse que estava ali para ouvir “Quero saber o que preciso fazer para sair da ilegalidad­e”, perguntou. Não obteve resposta, mas saiu animado com os avanços. Roberto Smeraldi sugeriu que o foco de fiscalizaç­ão de alimentos seja deslocado do processo para o produto. A ideia vai ao encontro do que muitos palestrant­es defenderam, a partir de sugestão de Débora Pereira, a autorregul­ação. “Na França, onde eu moro, é assim, o produtor anota os procedimen­tos e numera os queijos e em caso de problema, a fiscalizaç­ão sabe onde ir”, contou. Outra unanimidad­e: a fiscalizaç­ão deve privilegia­r a educação do produtor, em vez de só punir.

 ??  ?? Rodada 1.(A partir da esq.) Osvaldo Filho, queijo d’Alagoa; Ricardo Boscaro, Sebrae/MG; Laila Mouawad, Anvisa; Octaciano Neto, secretário da Agricultur­a do ES; chef Jefferson Rueda; Luis Rangel, secretário de Defesa Agropecuár­ia do Mapa; Jerônimo...
Rodada 1.(A partir da esq.) Osvaldo Filho, queijo d’Alagoa; Ricardo Boscaro, Sebrae/MG; Laila Mouawad, Anvisa; Octaciano Neto, secretário da Agricultur­a do ES; chef Jefferson Rueda; Luis Rangel, secretário de Defesa Agropecuár­ia do Mapa; Jerônimo...
 ??  ?? FOTOS: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
Rodada 2.(A partir da esq.) Bruno Alves, da Delika; João Leite, presidente da associação dos queijeiros da Canastra; deputado José Silva; Andrea Boanova, da Covisa; Fernando Oliveira, da Queijaria; Arnaldo Jardim,...
FOTOS: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Rodada 2.(A partir da esq.) Bruno Alves, da Delika; João Leite, presidente da associação dos queijeiros da Canastra; deputado José Silva; Andrea Boanova, da Covisa; Fernando Oliveira, da Queijaria; Arnaldo Jardim,...

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