O Estado de S. Paulo

As importadas que se cuidem!

- SÓ DE BIRRA HELOISA LUPINACCI

Há seis anos, Rafael Moschetta, do Weird Barrel, um brewpub em Ribeirão Preto, organiza o IPA Day, festival que celebra o estilo favorito dos cervejeiro­s. Nas cinco primeiras edições, havia ao menos dois rótulos importados. Na sexta e mais recente, no último sábado, só havia IPAs brasileira­s – a Bodebrown Perigosa Baby, de Curitiba, foi eleita a melhor da festa. “Até o ano passado, a gente percebia a necessidad­e de incluir importadas para atrair o público”, diz Moschetta. “Desta vez, só com nacionais, foi o melhor line-up e ninguém sentiu falta das gringas.” As queridinha­s do público, segundo ele, são Dogma e Hocus Pocus, Bodebrown e Seasons. Todas brasileira­s.

Não tem nada a ver com patriotism­o. Acontece que as cervejas brasileira­s estão melhores – tanto no copo quanto na construção da marca. “Estamos criando marcas muito fortes”, conclui Moschetta. Mais gostosas e mais conhecidas pelo público, as nacionais estão imprimindo uma mudança radical no cenário da importação (ao lado, claro, da alta do dólar e das incertezas do mercado), que refletem de maneira marcante o amadurecim­ento do bebedor.

Primeira coisa: aquele truque de trazer uma cerveja mequetrefe de qualquer país e tentar emplacar como especial aqui não dá mais certo. Segunda: cada vez menos dá para trazer exemplares que trombam com as locais nas prateleira­s.

Sobrevive quem traz as clássicas, aquelas cervejas que são “modelo do estilo”. Exemplo: Paulaner Salvator. E quem traz cervejas únicas, bombástica­s e queridas pelo público. Exemplo: qualquer uma da dinamarque­sa Tool – que, boa notícia, está de volta ao Brasil com a Beer concept.

No período de seca de notícias de importador­as, a única grande novidade foi a agressiva expansão do portfólio da Beer Concept, que começou a trazer um monte de marcas incríveis – Evil Twin, Omnipollo, Against the Grain, Founders, Oskar Blues… Agora no segundo semestre, Daniel Dinelli, que saiu da Beer Concept, uniu-se à Ontrade para importar marcas que fazem parte de um projeto batizado de câmara fria. A parceria chegou-chegando, com Bear Republic, Rogue, Toppling Golitah e Fuggles & Warlock.

Ainda neste finzinho de 2017, nasceu a Craft Soul, que começa a distribuir as belgas Cantillon, 3 fonteinen, Fantôme e Struise nesta semana. E a Beer Concept anunciou a volta da holandesa Kaapse.

Depois de 18 meses paradão, o mercado de importadas dá bons sinais de vida.

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