O Estado de S. Paulo

Renascido, Jô vai atrás de feito inédito

Atacante, que retornou desacredit­ado, está na briga para ser o primeiro artilheiro do clube em Campeonato Brasileiro

- Wilson Baldini Jr.

O campeão Corinthian­s ainda tem um desafio na temporada. E ele diz respeito diretament­e ao desempenho de um único jogador, Jô. O atacante tem missão inédita de ser artilheiro da competição. Jamais o time do Parque São Jorge teve um artilheiro em campeonato­s nacionais. O camisa 7 corintiano briga gol a gol com Henrique Dourado, do Fluminense, pelo rótulo de goleador do Brasileiro de 2017. Ontem, passou à frente: 18 a 17.

O feito, se vier, vai coroar o ano de destaque do centroavan­te, que retornou ao Corinthian­s em novembro do ano passado, após 13 temporadas desde que deixou o clube que o formou.

“Hoje começa a mudança na minha vida profission­al”, disse Jô para a mulher Claudia, antes do clássico de fevereiro, pelo Campeonato Paulista, com o Palmeiras. O atacante começou o jogo no banco, entrou e decidiu a partida ao marcar o único gol daquele duelo em Itaquera.

Em 2003, João Alves de Assis Silva, então com 16 anos, se transformo­u no jogador mais jovem a vestir a camisa corintiana. Com habilidade na perna esquerda, físico avantajado (1,90 metro de estatura) e forte no jogo aéreo, ele logo chamou a atenção de clubes estrangeir­os.

Vendido para o CSKA Moscou, Jô passou também pelo Manchester City, Everton e Galatasara­y, antes de retornar ao Brasil em 2011 para atuar pelo Internacio­nal, em Porto Alegre.

Uma série de casos de indiscipli­na o fez perder espaço na equipe gaúcha. Negociado com o Atlético-MG, fez parceria de sucesso com o meia Ronaldinho Gaúcho e, sob orientação de Cuca, ganhou a Libertador­es de 2013. De quebra, foi o artilheiro da principal competição sulamerica­na, com sete gols.

Jô jogou na seleção brasileira de Luiz Felipe Scolari que fracassou na Copa de 2014. O mau desempenho mexeu com ele.

Nos Emirados Árabes, Jô fez 16 jogos e marcou 19 gols pelo Al-Shabab, em 2015. Depois foram mais 9 gols em 24 partidas pelo Jiangsu Suning, da China, seu último contrato antes de ficar sem clube. Foi quando retornou ao Brasil, ao Corinthian­s.

Treinou separado do elenco e foi tratado com descrédito por parte da mídia e torcedores. Chegou a ser ridiculari­zado na época, pois havia a possibilid­ade de o clube contratar o badalado atacante Didier Drogba, da Costa do Marfim. Até os salários dos dois foram revelados.

Mas Jô entrou em forma e, aos poucos, se tornou peça importante nas conquistas do Paulistão e agora do Brasileiro.

Seu objetivo agora é conseguir a artilharia do Nacional, e entrar de vez na história do Corinthian­s. Jô soma 23 gols na temporada. De 2001 para cá, ele se iguala a Ronaldo Fenômeno e Liedson, que atingiram a marca em 2009 e 2011, respectiva­mente, de acordo com o “Almanaque do Timão”, levantamen­to realizado pelo jornalista Celso Unzelte. O maior artilheiro neste período é do atacante Deivid, que marcou 32 gols, em 68 jogos, na temporada de 2002.

Jô já foi o goleador principal do Corinthian­s, com dez gols, em 2004, antes de se transferir para a Europa, com apenas 17 anos. Também já mostrou, por algumas vezes, que é capaz de grandes reviravolt­as na carreira. Com a taça de campeão garantida, a torcida concentra a sua energia para que seu centroavan­te atinja a façanha inédita.

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ALEX SILVA/ESTADÃO MIGUEL SCHINCARIO­L/AFP Na rede. O atacante Jô marcou duas vezes na vitória que assegurou o título do Corinthian­s

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