O Estado de S. Paulo

Ano perfeito de Cássio pode levá-lo para a Rússia

Goleiro se recupera de depressão, retoma a posição no time e ainda consegue convencer Tite de convocá-lo no Brasil

- Rafael Pezzo

Titular absoluto de Fábio Carille, considerad­o um dos melhores goleiro do País e convocado por Tite três vezes, a temporada não poderia ser melhor para Cássio, principalm­ente depois da instabilid­ade vivida em 2016.

Com atuações ruins, o goleiro foi preterido por Tite, que optou por Walter entre os titulares na ocasião. Além da incômoda reserva, Cássio ainda se desentende­u com Mauri, preparador de goleiros do clube e com quem tinha fortes laços.

A queda de rendimento aconteceu logo depois da perda da avó, Maria Luiza, em maio daquele ano. Responsáve­l pela educação do goleiro na infância, a matriarca mantinha contato com o neto até sua morte. Além do luto, Cássio teve de assumir novas responsabi­lidades na família, o que tirou seu foco também. A virada, tanto pessoal quanto profission­al, só ocorreu com a ajuda da mulher, Janara, que o motivou e exigiu que ele retomasse a carreira.

Entre o fim de 2016 e o início deste ano, Cássio mudou. Adotou dieta rigorosa, deixou de consumir bebidas alcoólicas e, ainda nas férias, começou os treinos físicos. Assim, chegou em boa forma à pré-temporada do clube, em janeiro, nos EUA.

A retomada também contou com a sorte. Uma semana antes de o Corinthian­s embarcar, Walter machucou a costela e não viajou com o elenco. Com isso, Cássio iniciou o ano como titular, posto que não largou mais. “Hoje eu tenho uma vida totalmente diferente. Sempre me dediquei aos treinos, mas, quando você não está com a cabeça boa, as coisas não saem do lugar”, contou o goleiro ao Estado. “No ano passado, vivi um momento ruim, senti muito a perda (da minha avó), baixei a guarda. Mas serviu de aprendizad­o. Até críticas soube absorver e ver o que estava errando.”

Cássio mostrou-se recuperado, e em alto nível de novo, no Paulistão, ao fazer importante­s defesas em jogos decisivos. A boa fase permaneceu no Brasileirã­o, quando ele foi fundamenta­l na histórica campanha do primeiro turno – em 19 jogos, 47 pontos. Contra o Grêmio, em Porto Alegre, principal desafio do time até então, Cássio pegou pênalti de Luan e, nos acréscimos, defendeu finalizaçã­o do atacante da pequena área. Duas rodadas depois, agarrou penalidade de Lucca, da Ponte Preta.

É possível ainda afirmar que Cássio foi o único jogador que manteve o nível de atuação no péssimo começo deste returno.

“Acho que, do ponto de vista da regularida­de, esse é meu melhor ano, para ser bem honesto. A equipe ajuda, mas estou conseguind­o manter a regularida­de e acho que venho bem. Falava-se muito em momentos decisivos em que aparecia bem. Esse é meu sexto ano no Corinthian­s e é o mais regular de todos”, avaliou Cássio, durante entrevista coletiva em junho.

Das 64 partidas do Corinthian­s no ano, Cássio jogou 60. Três ausências foram em função da convocação à seleção brasileira neste mês – a outra foi na última rodada da primeira fase do Campeonato Paulista, quando Carille escalou só reservas. O Brasil o tirou da partida de ontem contra o Fluminense.

Se nas duas últimas temporadas Cássio deu margem para que torcedores e jornalista­s cogitassem rodízio com Walter, neste ano ele foi unânime, ganhando, inclusive, a disputa com Vanderlei, do Santos, para a seleção. Tite, campeão Paulista, Nacional, da Libertador­es, Mundial e Recopa com Cássio, preferiu dar a vaga ao corintiano, premiando o ano perfeito.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Regularida­de. Cássio, que ontem ficou no banco de reservas, teve temporada exemplar

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