O Estado de S. Paulo

Black Friday

Consumidor planeja gastar mais neste ano

- Márcia De Chiara

Quase 70% dos consumidor­es pretendem ir às compras na Black Friday deste ano, marcada para a última sextafeira do mês. Além da intenção de compra ser elevada para uma economia que está saindo da recessão, a pretensão de gasto com a aquisição de produtos em promoção, especialme­nte eletrônico­s, também chama a atenção. Neste ano, a intenção de desembolso é, em média, de R$ 713, aponta uma pesquisa nacional da consultori­a GFK, em parceria com a Vivo ADS.

“Esses resultados dão uma pista de que a Black Friday vai ser muito boa”, afirma Gisela Pougy, diretora de Negócio da consultori­a. Em relação ao gasto médio do ano anterior, o aumento é de quase 10%. A comparação considera o valor médio das compras online apurado em 2016 pelo Ebit, empresa que acompanha o comércio eletrônico, já que é primeira pesquisa desse tipo da GFK.

Magazines especializ­ados em eletroelet­rônicos, como Lojas Cem e Ricardo Eletro, esperam cresciment­o de vendas na faixa de 20% em relação à data de 2016. Na rede de hipermerca­dos Extra, do grupo GPA, a expectativ­a é de aumento de dois dígitos nas vendas de eletrônico­s, aparelhos de vídeo e telefonia, segundo o diretor comercial, Renato Giarola.

O otimismo do varejo e da indústria para a Black Friday numa economia com cerca de 12 milhões de desemprega­dos se baseia nos trabalhado­res que continuam trabalhand­o formalment­e, que somam 48,1 milhões. “Com a crise, quem continuou empregado nos três últimos anos tinha a cabeça de desemprega­do”, observa Giovanni Marins Cardoso, sócio-fundador da Mondial, fabricante de eletroport­áteis. Agora, diz, com o recuo das demissões e algumas empresas voltando a contratar, os brasileiro­s que estão empregados ficaram mais seguros para gastar. “A retomada está baseada diretament­e nisso.”

A categoria de eletrônico­s é a campeã das intenções de consumo na Black Friday, com 68% das declaraçõe­s, aponta a pesquisa. Segundo Gisela, a alta intenção de consumo é racional e orientada para preço. Mais da metade (58%) dos entrevista­dos disse que pretende comprar o que precisa pagando menos e 21% informaram que querem antecipar a compra de Natal.

Natal. O foco nos descontos está provocando a antecipaçã­o das vendas de Natal. Nos produtos mais caros, como eletrônico­s, eletrodomé­sticos, celulares e itens de informátic­a, as vendas da Black Friday já ultrapassa­ram as do Natal, indicam dados do comércio online e lojas físicas monitorado­s pela GFK, que representa­m 80% do varejo.

Gisela diz que, em 2016, pela primeira vez a venda da Black Friday passou a do Natal para esses produtos. Consideran­do o faturament­o desses itens no trimestre novembro e dezembro de 2016 e janeiro de 2017, de R$ 28,7 bilhões, a data respondeu por 38%, o Natal por 29% e os saldões de janeiro por 33%.

“Antes a grande venda do varejo ocorria entre 20 e 24 de dezembro. Hoje a explosão é nos três dias da Black Friday”, afirma Ricardo Nunes, presidente da rede Ricardo Eletro.

José Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem, conta que, quando não havia Black Friday, as vendas de dezembro eram 70% maiores que as de mês normal – essa taxa caiu pela metade. Luiz Henrique Vendramini, diretor comercial da Casas Bahia, diz que há empate no volume de vendas de novembro e dezembro na sua empresa.

Essa mudança vem preocupand­o os lojistas, que tentaram mudar a Black Friday para setembro, mas não deu certo. A estratégia tem sido usada por várias redes varejistas que, desde o início do mês, têm antecipado para alguns produtos as vendas da data promociona­l.

“Antecipar a compra de Natal na Black Friday é bom para o consumidor, mas não é para os varejistas”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra. Segundo ele, para varejista, é melhor vender no Natal com o preço cheio, margem melhor e sem ter de arcar com aumento de despesas por causa da concentraç­ão de vendas no período da Black Friday. Para enfrentar a concorrênc­ia, as lojas têm de achatar as margens – e a maior contribuiç­ão, diz, vem do varejo, não da indústria.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO–27/11/2015 Desconto. Venda de produtos mais caros já supera Natal

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