Russos criaram 150 mil contas falsas pró-Brexit
Investigação de órgão do governo britânico confirma interferência da Rússia para influenciar eleitores
Um ano e meio após o plebiscito que resultou no divórcio entre Reino Unido e União Europeia, o Centro Nacional de Cibersegurança (NCSC), órgão do governo britânico, confirmou que as redes sociais foram influenciadas pela propaganda em favor do Brexit vinda de 150 mil contas com base na Rússia.
Na segunda-feira, a primeiraministra Theresa May acusou o Kremlin de buscar “a erosão do sistema internacional” por meio das intervenções, que também foram diagnosticadas na guerra da Ucrânia, na eleição americana de 2016 e, em menor escala, em votações na Europa, como na França e na Holanda.
As conclusões do NSCS foram divulgadas pelo diretor da agência, Ciaram Martin, em evento realizado pelo jornal The Times. Pela primeira vez, uma autoridade do governo britânico acusou oficialmente a Rússia com base em uma investigação.
Em 2015, agências de inteligência de países ocidentais identificaram a existência das chamadas “usinas de trolls” criadas em solo russo. Uma das mais atuantes é a Internet Research Agency (IRA), empresa privada com sede em São Petersburgo, cujo principal cliente seria o próprio governo da Rússia.
Ontem, The Guardian revelou as conclusões de um estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que mostrou que 419 contas no Twitter, de um total de 2,7 mil que teriam sido criadas pela IRA, dedicaram-se à propaganda em favor do Brexit nos dias anteriores ao plebiscito, em 2016.
As revelações foram precedidas de uma “mensagem” enviada por May sobre o tema da cibersegurança. Em reunião com investidores, ela acusou Moscou de interferências que “incluem intervenções em eleições, ciberataques ao Ministério da Defesa da Dinamarca e do Parlamento da Alemanha, entre outros”.
Também sem citar o Brexit, May ligou o conflito no leste da Ucrânia, as violações do espaço aéreo de países europeus e as campanhas de ciberespionagem à ação articulada da Rússia. “Eu tenho uma mensagem muito simples à Rússia: nós sabemos o que vocês estão fazendo. E vocês não chegarão ao objetivo”, advertiu a premiê.
Autoridades eleitorais britânicas também acusaram a campanha responsável pela propaganda em favor do Brexit de retardar as investigações de suas contas, negando-se a fornecer informações sobre sua contabilidade.
Catalunha. Na segunda-feira, o premiê da Espanha, Mariano Rajoy, revelou que investigações indicaram que mais da metade das contas do Twitter que atuam na divulgação de informações sobre a independência da Catalunha foram registradas na Rússia e na Venezuela.