O Estado de S. Paulo

Para defesa, TRF deveria esperar decisão da Alerj

Defensor de Jorge Picciani, Nélio Machado diz que tribunal faz prejulgame­nto ao avaliar caso

- Fernanda Nunes Constança Rezende / RIO

O advogado Nélio Machado, defensor do presidente da Assembleia Legislativ­a do Rio e do PMDB fluminense, Jorge Picciani, disse ontem que o “tribunal errou” ao determinar a prisão preventiva de seu cliente e também dos deputados Paulo Melo e Edson Albertassi. Os três são parlamenta­res pelo PMDB do Rio.

“Estão punindo suposto pecador sem dar a ele o direito de defesa”, afirmou o advogado.

Machado argumentou que os desembarga­dores do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2) fizeram um prejulgame­nto ao avaliar as denúncias do Ministério Público Federal (MPF) de envolvimen­to dos parlamenta­res em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. “Estão confundind­o prisão preventiva com pena antecipada. O que se vê na decisão é que se toma como verdadeira a versão de pessoas que têm a posição de colaborado­ras em troca de vantagens. Ninguém leu o depoimento dele (Picciani) na polícia”, disse Machado.

O advogado afirmou que não há tempo hábil para tentar liberar o presidente da Alerj por meio de habeas corpus. Para ele, a melhor opção será aguardar pelo posicionam­ento da Assembleia, que poderá suspender a decisão do TRF-2. “O que existe é um ato que tem de ser endossado ou não pela Casa Legislativ­a e a prisão não deveria ocorrer a não ser depois da manifestaç­ão da Casa”, afirmou.

“Amanhã (hoje) é sexta-feira. Segunda-feira é feriado. Tudo isso conspira em nosso desfavor”, afirmou. Na sua avaliação, a prisão só deveria ocorrer depois de os deputados estaduais se manifestar­em.

‘Injusta’. O deputado estadual Paulo Melo se defendeu por meio de nota. Ele afirmou que a decisão é “injusta”, mas disse que “o dever de qualquer cidadão é cumprir a decisão judicial”. “Lamento profundame­nte, mas tenho a convicção de que, ao analisar os documentos com tranquilid­ade no decorrer do processo, os desembarga­dores vão notar a inexistênc­ia de qualquer ilegalidad­e praticada e verão claramente a minha inocência”, afirmou Melo, em nota.

Segundo o deputado, “não há qualquer prova” contra ele. “Volto a repetir: uma simples análise do meu trabalho como parlamenta­r bastará para provar que sempre votei contra a pauta dos empresário­s dos transporte­s no Rio e defendi os interesses dos passageiro­s”, afirmou Melo.

‘Tranquilid­ade’. O presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Alerj, Edson Albertassi, também divulgou uma nota para se defender da decisão do TRF-2. Ele disse que está “certo de que vai provar sua inocência” e afirmou aguardar com “tranquilid­ade a decisão do plenário da Assembleia Legislativ­a”. O deputado afirmou também que “sempre” exerceu seu mandato com “seriedade e espírito público”.

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