O Estado de S. Paulo

Política americana

Deputados aprovam reforma tributária de Trump.

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou ontem o projeto de reforma tributária que corta US$ 1,4 trilhão em impostos nos próximos dez anos e beneficia de maneira desproporc­ional empresas e contribuin­tes mais ricos e penaliza Estados democratas que cobram elevadas taxas locais. Mas a maior mudança no sistema tributário americano em três décadas ainda depende do Senado, onde seu futuro é incerto.

O presidente Donald Trump e o Partido Republican­o apostam na reforma tributária como seu primeiro trunfo legislativ­o do atual governo, que completa dez meses sem nenhuma vitória de peso no Congresso, além da nomeação de um juiz conservado­r para a Suprema Corte.

O projeto foi aprovado por 227 votos a 205. Nenhum democrata apoiou a proposta. Treze republican­os se opuseram ao texto, a maioria dos quais de Estados que serão prejudicad­os, como Califórnia e Nova York.

A principal medida aprovada é a redução de 35% para 20% do Imposto de Renda pago pelas empresas americanas. O presidente da Câmara, o republican­o Paul Ryan, disse que os EUA têm a maior alíquota corporativ­a entre nações industrial­izadas e afirmou que a mudança é necessária para aumentar a competitiv­idade das companhias. Enquanto esse corte será permanente, o que beneficia os contribuin­tes individuai­s ficará em vigor por apenas oito anos. Para valer além de 2025, ele terá de ser prorrogado pelo Congresso americano.

Os republican­os impuseram o limite para que a redução de impostos para os próximos dez anos caiba no teto de US$ 1,5 trilhão de cortes previstos no orçamento. Se esse teto for ultrapassa­do, a reforma terá de ser aprovada por uma maioria qualificad­a de 60 votos no Senado. Os republican­os têm apenas 52 das 100 cadeiras e querem passar o projeto sem depender de apoio dos democratas.

Além da margem apertada, há divergênci­as entre republican­os nas duas Casas sobre o teor da reforma. O Senado tem o próprio projeto, que prevê cortes de US$ 1,5 trilhão em dez anos e é distinto do que passou na Câmara em aspectos fundamenta­is. Se for aprovado, os dois textos terão de passar por um processo de consolidaç­ão.

Os senadores mantêm deduções eliminadas pelos deputados. Para compensar a queda de receita, eles propõem o fim da obrigatori­edade de americanos contratare­m seguro-saúde prevista no Obamacare. A medida vai gerar uma economia de US$ 300 bilhões nos próximos dez anos, mas deixará 13 milhões de pessoas sem seguro-saúde, segundo cálculo do Gabinete de Orçamento do Congresso. Os líderes republican­os na Câmara rejeitaram incluir medida semelhante em seu projeto, por temor de que ela dificultar­ia sua aprovação.

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