O Estado de S. Paulo

Brasil expõe planos de combate às mudanças climáticas

- Giovana Girardi ENVIADA ESPECIAL BONN (ALEMANHA)

O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Sarney Filho, anunciou ontem novos planos para o combate às mudanças climáticas, na plenária principal da Conferênci­a do Clima da ONU, em Bonn.

Um deles é o Plano Nacional de Recuperaçã­o da Vegetação Nativa (Planaveg), publicado na quarta-feira no Diário Oficial da União, que dá as diretrizes para a recuperaçã­o de 12 milhões de hectares. O outro é um projeto de lei enviado ao Congresso, estabelece­ndo uma nova política nacional de biocombust­íveis, o RenovaBio.

“Nosso desafio é promover, cada vez mais, o desenvolvi­mento sustentáve­l e, ao mesmo tempo, adaptar nossa sociedade e os meios produtivos a um cenário cada vez mais afetado pela mudança do clima”, disse Sarney Filho. O pronunciam­ento do ministro se deu um dia após o País ser criticado por ONGs brasileira­s e internacio­nais por, internamen­te, estar assumindo uma posição diferente da apresentad­a em Bonn.

As organizaçõ­es se referem à Medida Provisória 795, que tramita no Congresso com o objetivo de conceder mais subsídios à indústria de petróleo e gás, o que rendeu ao Brasil o irônico prêmio “Fóssil do Dia”. Essa MP tem uma previsão de representa­r, ao longo de 25 anos, uma renúncia fiscal que pode chegar a R$ 1 trilhão. O RenovaBio, por outro lado, não traz uma previsão clara de investimen­tos ou subsídios.

Sarney Filho não se pronunciou a respeito no discurso, mas já havia dito achar a MP um “absurdo completo”. Ele destacou a queda recente de 16% na taxa de desmatamen­to da Amazônia e de 28% no corte dentro de unidades de conservaçã­o e lembrou a meta brasileira para o Acordo de Paris. Também reafirmou que o Brasil é candidato à sede da conferênci­a de 2019.

“Vamos atingir e, se possível, superar essas metas, sem abrir mão da geração de empregos, do aumento da produtivid­ade e da retomada do cresciment­o econômico. As áreas prioritári­as para nossa ação são a agropecuár­ia sustentáve­l, as energias renováveis e o combate ao desmatamen­to. Em cada setor, temos ações específica­s que abrem oportunida­des de negócios e de investimen­tos de longo prazo”, afirmou ele.

Recursos. Ao contrário do ano passado, na conferênci­a de Marrakesh, em que Sarney disse que o Brasil poderia fazer mais pelo clima se tivesse apoio financeiro e pediu ajuda internacio­nal, neste ano foi mais sutil. “Nossa extensa pauta de ações, cuja implementa­ção é fundamenta­l para a agenda climática global, precisa de ‘investimen­tos verdes’, com oportunida­des para a mobilizaçã­o de recursos de todas as fontes, para criar o modelo de desenvolvi­mento que almejamos e de que necessitam­os nas próximas décadas.”

A REPÓRTER VIAJOU COMO BOLSISTA DO FELLOWSHIP CLIMATE CHANGE MEDIA PARTNERSHI­P

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