O Estado de S. Paulo

Burzaco diz ter pago R$ 524 mi em propinas

Empresário revela ter subornado cerca de 30 pessoas; ele afirma ter repassado R$ 8,8 milhões para José Maria Marin

- Ricardo Leopoldo / NOVA YORK

O argentino Alejandro Burzaco, ex-presidente da empresa Torneos y Competenci­as, afirmou que ele e seus sócios pagaram suborno para cerca de 30 pessoas, num montante total “aproximado de US$ 160 milhões” (R$ 524,6 milhões), enquanto esteve à frente da companhia entre 2004 e 2015. “É uma estimativa”, ressaltou.

Segundo ele, os subornos foram feitos para ter vantagens comerciais em alguns torneios, como a realização de edições da Copa America. Ele não revelou detalhes sobre quem recebeu tais recursos. Burzaco fez os comentário­s em depoimento no julgamento do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, na Corte do Distrito Leste de Nova York. O empresário é uma das principais testemunha­s de acusação no maior escândalo de corrupção da história da Fifa.

Burzaco afirmou que enquanto esteve na condução da empresa obteve uma fortuna próxima a US$ 100 milhões (R$ 327,9 milhões). Perguntado pelo advogado de Manuel Burga, expresiden­te da Federação Peruana de Futebol – que também está sendo julgado –, se o fato de ter obtido tantos recursos foi porque esteve ao lado das pessoas certas no mundo do marketing esportivo na Argentina, ele respondeu: “O fato de estar aqui parece que me alinhei com as pessoas erradas.” Também está sendo julgado Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol.

Alejandro Burzaco admitiu que formou uma aliança com Julio Grondona, que foi presidente da Associação do Futebol Argentino e que morreu em 2014.

Em depoimento anterior, Burzaco disse que repassou US$ 2,7 milhões (R$ 8,8 milhões) em propinas ao ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e que repassaria um total de US$ 6 milhões (R$ 19 milhões), mas o esquema de fraude acabou descoberto.

Por meio de seus defensores, Marin tem reiterado ser inocente de todas as acusações.

 ?? CRAIG RUTTLE/AP ?? Júri. Marin está detido nos Estados Unidos desde 2015
CRAIG RUTTLE/AP Júri. Marin está detido nos Estados Unidos desde 2015

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil