O Estado de S. Paulo

Tele em recuperaçã­o

Solução para a Oi deve ficar para o ano que vem

- Renata Agostini Mônica Scaramuzzo

Uma solução para a Oi, cuja recuperaçã­o judicial se arrasta desde junho do ano passado, deve ficar somente para 2018. A avaliação é compartilh­ada hoje por representa­ntes de credores internacio­nais, de bancos públicos, de investidor­es e da própria empresa. O ‘Estado’ conversou com oito executivos a par do assunto. Eles afirmam que, a despeito dos avanços recentes, ainda há muitos pontos de divergênci­a sobre o plano e, por isso, são muito baixas as chances de um acordo estar de pé até o dia 7 de dezembro, quando está agendada a assembleia para votar o plano de reestrutur­ação da operadora de telefonia.

Segundo essas fontes, o mais provável é que se instale a assembleia no mês que vem, mas que não haja votação. A reunião deve ser usada para definir se haverá um único plano de reestrutur­ação ou se mais de uma proposta será levada à deliberaçã­o. Com isso, a votação ficaria para fevereiro.

Negociaçõe­s entre credores internacio­nais, os “bondholder­s”, representa­ntes da companhia e dos acionistas ocorrem esta semana em Nova York e devem se estender ao longo do dia de hoje. Mas a evolução, por enquanto, é pequena.

Persiste o impasse sobre o porcentual da companhia que os credores deterão após a reestrutur­ação. O plano da Oi previa que os atuais acionistas ficassem com 75% da Oi. Os credores discordara­m e defendem que eles fiquem com apenas 5%.

Uma fonte do governo avalia que a posição dos acionistas não era razoável, mas será preciso ajuste também na ambição dos credores. Segundo essa fonte, ainda não há solução pronta e formatá-la até 7 de dezembro será muito difícil.

Um executivo próximo aos credores internacio­nais lembra que a Oi tem de protocolar um plano revisado até o dia 27 de novembro e, até o momento, não há desenho fechado.

Os credores estrangeir­os são peça-chave para a aprovação do plano da Oi. Isso porque, dos R$ 64 bilhões em dívidas da Oi, quase metade correspond­e a títulos emitidos no exterior. Esse grupo ganhou poder de barganha com decisão na semana passada da Justiça do Rio. A desembarga­dora Mônica Maria Costa determinou que empresas holandesas, subsidiári­as da Oi, possam ter seu voto registrado na assembleia. Até então, os representa­ntes dessas companhias, os “trustees”, só poderiam ser ouvintes.

As holandesas têm R$ 21 bilhões a receber da Oi e devem a credores na Europa. Por essa razão, a posição dos trustees tende a ser muito próxima da defendida pelos bondholder­s.

Aliança. Os detentores de títulos e os bancos públicos estão alinhados e discutem os termos para um novo plano que não contemple só os interesses dos acionistas. Os principais sócios – o fundo Société Mondiale, ligado ao empresário Nelson Tanure, e a Pharol, antiga Portugal Telecom – querem preservar suas fatias na companhia.

Uma fonte do governo afirmou que a entrada de uma novo investidor é a alternativ­a para que a companhia saia da profunda crise que se meteu. Mas a China Telecom, ao lado do fundo Texas Pacific Group (TPG), só faria aporte da operadora, após uma solução para o processo de recuperaçã­o. Uma intervençã­o na operadora, por ora, está descartada, apurou o Estado. Pessoas próximas aos investidor­es chineses dizem que o interesse na tele permanece, mas eles ainda estão longe de um acordo.

Procurados, Oi, Anatel, BNDES, e representa­ntes de Tanure não quiseram comentar.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-27/6/2016 Difícil equação. Empresa tem de convencer credores, acionistas e governo a fechar acordo

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