O Estado de S. Paulo

BC reforça alerta sobre risco de moedas virtuais

Divisas não têm garantia e empresas desse mercado não são supervisio­nadas, diz o banco

- Fabrício de Castro / BRASÍLIA

Em meio ao crescente interesse dos brasileiro­s por moedas virtuais, como o bitcoin, o Banco Central subiu ontem o tom do alerta em relação a esse mercado. A instituiçã­o afirmou, em comunicado oficial, que as moedas virtuais não têm nenhuma garantia, nem são lastreadas em ativos reais. Segundo o BC, quem investe em divisas como o bitcoin pode perder todo o dinheiro.

“Seu valor decorre exclusivam­ente da confiança conferida pelos indivíduos ao seu emissor”, diz a autarquia. O BC lembrou ainda que as empresas que negociam ou guardam as moedas virtuais não são reguladas ou supervisio­nadas. Na prática, se algo acontecer com os investimen­tos, não é possível recorrer ao BC. Essa não é a primeira vez que o Banco Central faz um alerta sobre os riscos desse mercado. A instituiçã­o sentiu a necessidad­e de reforçar o aviso em função do aumento da procura pelas moedas.

A busca por bitcoins fez a cotação subir 683% em 2017, tomando-se como referência o Nyse Bitcoin Index, um índice negociado na Bolsa de Nova York. No Brasil, a alta da moeda no ano, em reais, também é superior a 600%.

Segundo estimativa de fontes de mercado, são movimentad­os cerca de R$ 30 milhões por dia em bitcoins no Brasil. Se forem considerad­as as demais moedas virtuais, como litecoin e ethereum, o valor chega a R$ 50 milhões. As cifras são pequenas, consideran­do o tamanho do mercado brasileiro de ativos como ações, dólar e contratos de juros. O mercado futuro de dólar na Bolsa, por exemplo, movimenta US$ 14 bilhões por dia.

No comunicado de ontem, o próprio BC reconheceu que, no Brasil, ainda não há “riscos relevantes” trazidos pelas moedas virtuais ao Sistema Financeiro Nacional. No entanto, o País passa por um processo de sofisticaç­ão desse mercado, com cada vez mais opções de produtos. Além disso, bancos e corretoras que atuam no mercado financeiro tradiciona­l estão começando a voltar suas atenções para as moedas virtuais. A corretora XP, por exemplo, registrou a marcar “XP Bitcoin” e prepara-se para atuar com bitcoins.

Para Rodrigo Batista, sócio da MercadoBit­coin, empresa que negocia moedas virtuais, o BC está certo em fazer seus alertas. “Também achamos que o investimen­to traz riscos.” Ele descarta, porém, que o bitcoin seja uma “bolha”. “Até hoje ela não estourou.”

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