Histórias ao ar livre
Projeto que transforma parques de São Paulo em espaços de leitura conquista o público infantil
Pergunte a qualquer criança em qual lugar ela prefere ler: dentro de uma biblioteca, onde está sujeita a uma série de regras, ou em um parque, em que pode brincar na grama, pular e fazer festa entre uma história e outra? Colocada dessa maneira, a comparação parece desleal, mas são justamente as vantagens que só podem ser encontradas em uma área verde que vêm fazendo do público infantil presença constante nos “Bosques de Leitura”.
“Na biblioteca, você não pode falar, fazer barulho, comer. Já os bosques dão liberdade para a criança e ela acaba se sentindo bem mais à vontade”, explica Nilce Ferreira da Silva, responsável pelo projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Criado em 1983, o programa conta atualmente com espaços de leitura instalados em 13 parques da cidade, onde são disponibilizados livros para todas as idades. O público infantil, entretanto, representa mais de um terço dos frequentadores. Entre julho e outubro deste ano, cerca de 15,5 mil pessoas passaram pelos bosques, sendo que 5,8 mil eram crianças, conforme dados da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas.
“Conheço famílias que só vão aos parques com a finalidade de levar os filhos para ler. Também existem casos daqueles que visitam o parque por algum outro motivo, mas a criança acaba descobrindo o bosque e não quer mais sair do local”, conta Nilce.
Além de incentivar a leitura, o projeto promove atividades culturais voltadas para os pequenos, como apresentações circenses, de teatro, dança e contação de histórias. Em todos os domingos de novembro, por exemplo, serão encenados peças infantis no Bosque da Leitura do Parque do Ibirapuera, a partir das 11h.
“Como essas atrações chamam a atenção, é uma forma de atrair ainda mais crianças para o espaço. Muitas delas acabam se rendendo à leitura antes ou depois do espetáculo”, afirma.