Geddel mandou destruir documentos, diz assessor
Em depoimento, Job Brandão afirma que auxiliou no descarte de provas a pedido do ex-ministro e de seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima
O ex-assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, afirmou em depoimento à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República (PGR), em Salvador, que dinheiro em espécie era guardado em malas e caixas no closet da mãe do parlamentar e do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Segundo ele, a família de Geddel o orientou a destruir provas quando o exministro estava em prisão domiciliar. Job Brandão afirmou ainda que realizou coletas de dinheiro na empreiteira Odebrecht.
O depoimento prestado no dia 14 deste mês, ao qual o Estado teve acesso, é uma das iniciativas do ex-assessor para tentar um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.
Segundo Job Brandão, a família do ex-ministro “possuía muito dinheiro guardado no apartamento de Marluce Vieira Lima”, em Salvador. Ele disse que realizava, a pedido de Geddel e de Lúcio, a contagem de dinheiro quando as notas chegavam no imóvel em Salvador.
Descarte. O ex-assessor afirmou que “auxiliou na destruição de anotações, agendas e documentos” a pedido de Geddel, de Lúcio e da mãe. Os documentos, segundo ele, foram colocados em sacos de lixo e descartados; uma parte foi picotada e colocada na descarga de vaso sanitário. Job Brandão também disse aos investigadores que devolvia parte do salário à família e recebia efetivamente R$ 3.780 do total de R$ 11.800 do salário.
O dinheiro da família Vieira Lima, segundo o ex-assessor, ficava guardado no closet dentro do quarto da mãe dos irmãos Vieira Lima, em caixas e malas até o início de 2016. Ele contou que quando o pai de Lúcio e Geddel morreu, no entanto, o dinheiro foi levado para outro lugar.
O ex-assessor disse que não tinha conhecimento do local até a busca e apreensão feita em setembro deste ano na Operação Tesouro Perdido, mas afirmou que, pelas fotos, “as caixas e uma das malas pretas se assemelham com as que costumavam ficar guardadas” no apartamento da matriarca.
Geddel foi preso quando a PF descobriu um endereço em Salvador com o equivalente a R$ 51 milhões em dinheiro em espécie, ligados ao ex-ministro segundo as investigações. As digitais de Job Brandão foram encontradas no material coletado pela Polícia Federal.
‘Vítima’. Procurado pelo Estado, Marcelo Ferreira, advogado de Job Brandão, declarou que “tem uma especial preocupação com a segurança” do seu cliente “e tem por objetivo demonstrar que sua condição de vida é totalmente incompatível com a renda de um secretário parlamentar”. Segundo o advogado, o ex-assessor “é vítima da situação e, além da liberdade, pretende buscar, judicialmente, o ressarcimento dos valores de seu salário que era obrigado a repassar à família Vieira Lima”.