O Estado de S. Paulo

‘Temor de abertura é o mesmo dos anos 90’

- Lu Aiko Otta /

O temor com fechamento de indústrias e perda de empregos por causa da concorrênc­ia com os importados é hoje o mesmo que havia em 1990, quando o então presidente Fernando Collor de Mello aboliu uma lista de produtos cuja importação era proibida, como carro e TV. A avaliação é do secretário de Assuntos Estratégic­os da Presidênci­a, Hussein Kalout. Ele ressalta, porém, que embora criticada à época, a abertura promoveu um salto no desenvolvi­mento no País.

• A abertura tem muitos defensores, mas também muita resistênci­a de setores da indústria e sindicatos. Como contornar isso?

Em 1990, quando o presidente Fernando Collor efetuou a abertura econômica, as ponderaçõe­s eram as mesmas: o setor produtivo vai quebrar, haverá desemprego, a indústria irá falir. De lá para cá, estamos entre as dez primeiras economias do mundo e o Brasil é um País muito mais desenvolvi­do do que antes. É um País gerador de tecnologia. Demos um salto qualificad­o no nosso desenvolvi­mento.

• Como convencer os mais frágeis desses benefícios?

É legítima a preocupaçã­o do setor privado, dos trabalhado­res. Mas se o Brasil não pensar de forma mais objetiva em como sair dessa discussão, ficaremos à margem do desenvolvi­mento mundial, das cadeias produtivas globais. Uma abertura econômica tem de seguir algumas balizas. E ocorrer de forma paulatina, ordenada, pois há setores aptos a isso e outros que devem se preparar. O objetivo do debate não é discutir se uma abertura deve ser feita hoje, amanhã ou depois, e sim como deve ser feita. E qual deve ser o calendário.

• Então, é diferente do que fez o Collor, que deu uma pancada nas fábricas de “carroças”.

Naquela época, talvez fosse necessário se fazer daquela forma. Talvez agora se possa fazer de outra, setorial, que aufere proteção a setores vitais para a segurança nacional.

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