O Estado de S. Paulo

Mayana Neiva encara desafios na TV

No ar em ‘O Outro Lado do Paraíso’, atriz pode ser vista também em séries no Brasil, na Argentina e nos EUA

- Pedro Rocha

De Nova York para o Uruguai e de lá para a Paraíba, além de Rio de Janeiro e São Paulo. A agenda da atriz Mayana Neiva parece não dar conta de tantas gravações, mas ela conseguiu. Além de estar no ar na novela O Outro Lado do Paraíso, a paraibana de Campina Grande está também em produções televisiva­s na Argentina, nos EUA e na TV paga do Brasil.

“A vida do ator é uma coisa muito louca”, brinca Mayana, em entrevista ao Estado. Todas essas viagens e gravações ocorreram de praticamen­te um ano para cá. Até então, ela estava morando e estudando há quatro anos em Nova York, onde chegou a atuar em uma montagem da peça Cowboy Mouth, de Sam Shepard e Patt Smith. De lá, ela seguiu para o Uruguai, onde filmou, entre setembro e dezembro de 2016, a segunda temporada da série bilíngue O Hipnotizad­or, para a HBO. “Foi lindo morar no Uruguai e trabalhar com uma equipe e atores latino-americanos”, diz a atriz, que elogia a sua personagem na produção, Mariela. “Superlúdic­a.”

Em dezembro, na Paraíba, ela participou das gravações do filme Beiço de Estrada, de Eliézer Rolim. Em janeiro deste ano, foi a vez de gravar a série Rotas do Ódio, para o canal pago Universal, que deve estrear entre fevereiro e março de 2018 e já tem uma segunda temporada garantida. Nela, Mayana vive a protagonis­ta, a delegada Carolina Ramalho, que investiga crimes de ódio. “Ela é uma mulher forte e cheia de conflitos. A série fala muito de intolerânc­ia, especialme­nte nessa época de uma tomada conservado­ra.”

Mayana compara a personagem com a que vive atualmente, na novela O Outro Lado do Paraíso, Leandra. O convite para a produção veio em junho, quando já estava de volta a Nova York. “Nunca tinha feito uma prostituta, foi uma preparação bem diferente. Mergulhei fundo.”

Para o papel, a atriz fez uma intensa pesquisa, dividida em duas vertentes. Uma foi mais técnica, de referência­s, vendo filmes e obras clássicas sobre o tema em todo o mundo, além de documentár­ios e estudos. “Prostituiç­ão é a última força do feminismo. Elas são estereotip­adas e o estigma faz com que elas sejam tratadas como menos humanas.”

O outro lado da pesquisa foi na rua, observando e conversand­o com garotas de programa de São Paulo e Salvador. Foi a partir daí que ela resolveu incorporar a personagem de um jeito diferente do que é visto geralmente na teledramat­urgia. “Percebi que elas não têm um corpo de academia, malhado, e ser fiel à realidade seria mais importante que a minha vaidade.” Para a primeira fase da novela, Mayana, que já foi Miss Paraíba, engordou quatro quilos e assumiu, pela primeira vez na carreira, o seu cabelo cacheado natural. “Adorei”, confessa.

Para Mayana, trabalhar na novela ao lado de ícones da dramaturgi­a como Fernanda Montenegro e Laura Cardoso tem sido uma escola. “Elas são a história da televisão. Parece que elas são capazes de produzir magia”, elogia a paraibana, que diz ficar “enamorada” a cada nova cena gravada. “Elas são muito generosas, é como se fosse uma nova faculdade para mim.”

A atriz agora espera algumas mudanças para a personagem na segunda fase. “Queria vê-la mais inocente, mais próxima de um ponto em que ela começasse a ganhar uma malícia. Acho que na segunda fase ela vai estar mais preparada.”

A novela ainda está no início, mas, assim que chegar ao fim, Mayana já tem compromiss­os. Primeiro, ela deve gravar a segunda temporada de Rotas do Ódio. Depois, ela deve voltar a Nova York para tocar o projeto de um coletivo brasileiro, que tenta levar para lá peças do País.

Além de estar no ar em O Outro Lado do Paraíso, O Hipnotizad­or e em breve Rotas do Ódio

aqui no Brasil, Mayana pode ser vista também na TV da Argentina na série Encerrados, de Benjamim Ávila, gravada no ano passado. Outros projetos que estrelou nos EUA também devem estrear em breve. Desterro, de Mariana Tome, e o filme Idee Fixe,

de Andrew Bell.

Apesar de ter passado tanto tempo entre inglês, espanhol e português, Mayana não perdeu o seu sotaque nordestino, do qual se orgulha. “Sempre tento neutraliza­r para os trabalhos e já sei administra­r mais naturalmen­te”, explica. Outra facilidade da atriz é com as diferentes línguas. O inglês ela aprendeu ainda criança, por ser fã dos Beatles. “A língua me liberta.”

Prostituiç­ão é a última força do feminismo. Elas são estereotip­adas e o estigma faz com que elas sejam tratadas como se fossem menos humanas”

 ?? ALEX SILVA/ESTADÃO ?? Modelo. Mayana, que foi Miss Paraíba em 2003, posa para foto em restaurant­e paulistano
ALEX SILVA/ESTADÃO Modelo. Mayana, que foi Miss Paraíba em 2003, posa para foto em restaurant­e paulistano

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