O Estado de S. Paulo

Crédito com recursos da poupança cresce, mais ainda é pequeno

Se comparado a 2010, período anterior à recessão, número de imóveis financiado­s é três vezes menor em 2017

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Os financiame­ntos imobiliári­os que utilizam recursos das cadernetas de poupança chegaram a R$ 3,41 bilhões em setembro, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança (Abecip). O número representa uma alta de 8,2% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Apesar do resultado positivo, a busca por empréstimo­s diminuiu no acumulado durante os anos crise. Em 2013, dois anos antes do ápice da recessão, foram financiado­s 529.797 imóveis, tanto para aquisição quanto para construção. Em 2016, foram 199.689 unidades.

Com base nos números divulgados pela entidade, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Alberto Ajzental estima em 175.759 os financiame­ntos para 2017. Segundo ele, a projeção mostra que, a despeito da retomada dos lançamento­s imobiliári­os, o brasileiro ainda não se sente seguro para assumir dívidas de longo prazo.

A explicação seria o alto nível de desemprego – a taxa de desocupaçã­o no terceiro trimestre, de acordo com o IBGE, é de 12,4%. Para o professor, ainda que a atividade econômica seja retomada, levará um tempo para que essa mão de obra seja reincorpor­ada e a segurança volte a guiar decisões de compra.

“O imóvel é o bem que toma a maior parcela de renda de um indivíduo, e por um período muito longo. São 25 anos com cerca de 20% da renda comprometi­da. Após uma crise, as pessoas comem melhor, compram roupas ou eletrodomé­sticos. Só depois vão pensar em adquirir ou trocar de imóvel”, afirma.

Ajzental sugere, ainda, uma volta a 2010, quando a construção civil vivia um boom no País. Naquele ano, o valor geral de vendas ( a soma do valor potencial de venda de um empreendim­ento) chegou a cerca de R$ 30 bilhões. Este ano, a estimativa é de pouco mais de R$ 11 bilhões.

“Isso mostra que o mercado atual é um terço do que era há sete anos. Pode ter havido uma melhora em relação a 2016, mas ainda é incipiente”, defende.

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