As mulheres vão à luta
No Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, contamos histórias de empresárias que acreditaram em seus sonhos
No dia em que o mundo celebra o empreendedorismo feminino, conheça histórias de empresárias que foram em busca do sonho de ter o próprio negócio e se deram bem
A ideia de criar a Mandala Comidas Especiais surgiu depois que Adriana Fernandes soube que teria de fazer uma dieta com ampla exclusão de ingredientes como glúten, leite, ovos, soja, castanhas, entre outros alimentos, para que pudesse amamentar seu bebê, que nasceu com alergia múltipla severa.
Criada em abril de 2015, a empresa que começou com um funcionário e dois sócios, vai fechar 2017 com três sócios e seis funcionários. “No primeiro mês, vendemos R$ 2 mil. Hoje, faturamos R$ 100 mil por mês. No início, vendíamos para os amigos pelo Facebook, agora, temos clientes como os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, além de hotéis, restaurantes, escolas e público geral”, conta Adriana.
Neste domingo, data em que se comemora o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014, nada melhor que contarmos histórias de mulheres como Adriana, que empreendem e geram empregos.
Segundo ela, existe um movimento feminino de empreender por necessidade que é muito desestruturado. “Mas também há outro movimento de mulheres que empreendem de maneira formal”, diz.
Ela diz que para formalizar o negócio é preciso ter uma formação específica. “Eu, por exemplo, tenho graduação e mestrado na USP, mas isso não serviu de nada na hora de empreender, porque a atividade exige outras habilidades. Fui buscar isso no Sebrae, em aceleradoras e em sites que dão suporte ao empreendedorismo feminino”, conta.
Problema alérgico também foi o ponto de partida para que as irmãs Sarah Lazaretti e Julinha Lazaretti criassem a Alergoshop. “Minha filha sofria com crises alérgicas, principalmente dermatite atópica e era muito difícil encontrar produtos hipoalergênicos”, diz Sarah.
Na mesma época, Julinha, que é bióloga, cursava pós graduação em alergia e imunologia e via que os médicos tinham dificuldade para indicar produtos aos pacientes.
“Vislumbramos um novo mercado. Em 1993, lançamos a marca especializada em produtos que previnem e melhoram crises de alergias.” Hoje, a Alergoshop fabrica mais de 50 itens e possui nove linhas diferentes.
“Em 2012, a empresa passou a ser franqueadora para atendermos em todas as regiões do País. Hoje, temos oito lojas franqueadas e quatro próprias. Também vendemos pela internet.”
Sarah diz que o negócio que começou com seis funcionários emprega 34 pessoas atualmente e cresce 12% ao ano. Segundo ela, quem quer empreender não pode ter medo de errar e deve aprender com os erros.
“Tire sempre uma lição de cada situação e não desanime. Errar faz parte de empreender, assim como buscar sempre novas alternativas.”
A dona da marca Lapatiss, especializada em macarrons , Barbara Voelckel, também ressalta a necessidade de investir em formação específica para que as empreendedoras possam falar de negócios de igual para igual, com quem quer que seja. “Para empreender a mulher tem de acreditar em seu potencial e nunca desistir, apesar dos nãos que irá receber.”
Barbara começou o negócio em 2010, após fazer um curso de produção de macarrons, por se apaixonada pelo doce. “Fiz o curso em São Paulo. Alguns dias depois de ter voltado ao Rio de Janeiro, a professora me procurou dizendo que tinha uma moradora do meu bairro querendo fazer encomenda. Aceitei o pedido e por meio dessa cliente vieram outras.”
Com o crescimento da demanda, Barbara deixou de produzir na cozinha de sua casa e montou um ateliê. “Hoje, minha irmã Aline é minha sócia e temos seis funcionárias.”
Para ganhar escala, a partir de 2018 a Lapatiss também irá vender apenas o biscoito macarron, para hotelaria, buffets, doceiras e restaurantes, porque com o recheio o produto fica muito frágil e as vendas ficam restritas ao Rio de Janeiro.
“Fiz parceria com uma empresa de São Paulo que desenvolveu uma embalagem especial. Assim, poderemos vender para todo o Brasil, porque o transporte será mais simples e o prazo de validade maior.”
A veterinária Juliana Noda Bechara Belo, também se associou a irmã, Veri Noda, que atuava com chef, para criar a La Pet Cuisine, especializada em produção de alimentos naturais para cães e gatos.
Juliana afirma que o crescimento do negócio, criado em 2011, é muito positivo. “Em relação a 2016, já crescemos 50% e o ano ainda nem terminou.”
Ela conta que além das duas sócias, trabalham na empresa sete funcionários e um motoboy terceirizado, além de manter contrato com dois consultores, um na área administrativa e outro para as mídias sociais.
Formação. Juliana, assim como Adriana e Barbara, está entre as 30 empreendedoras selecionadas para o programa “Aceleração Itaú Mulher Empreendedora”, realizado em parceira com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). Foram selecionados 30 negócios comandados por mulheres e com faturamento anual mínimo de R$ 300 mil. Iniciado em setembro, será encerrado no final deste mês.
“O programa realmente acelera, estamos cheias de ideias. Na faculdade, não aprendi nada sobre administração. Agora, tenho boa base de gestão para sair do lugar comum e crescer.” Juliana diz que para empreender é preciso trabalhar muito, mas a atividade é extremamente gratificante. “Outra coisa importante, que acabo de aprender e aplicar na empresa: é preciso delegar.”