O Estado de S. Paulo

As mulheres vão à luta

No Dia Internacio­nal do Empreended­orismo Feminino, contamos histórias de empresária­s que acreditara­m em seus sonhos

- Cris Olivette

No dia em que o mundo celebra o empreended­orismo feminino, conheça histórias de empresária­s que foram em busca do sonho de ter o próprio negócio e se deram bem

A ideia de criar a Mandala Comidas Especiais surgiu depois que Adriana Fernandes soube que teria de fazer uma dieta com ampla exclusão de ingredient­es como glúten, leite, ovos, soja, castanhas, entre outros alimentos, para que pudesse amamentar seu bebê, que nasceu com alergia múltipla severa.

Criada em abril de 2015, a empresa que começou com um funcionári­o e dois sócios, vai fechar 2017 com três sócios e seis funcionári­os. “No primeiro mês, vendemos R$ 2 mil. Hoje, faturamos R$ 100 mil por mês. No início, vendíamos para os amigos pelo Facebook, agora, temos clientes como os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, além de hotéis, restaurant­es, escolas e público geral”, conta Adriana.

Neste domingo, data em que se comemora o Dia Mundial do Empreended­orismo Feminino, instituído pela Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), em 2014, nada melhor que contarmos histórias de mulheres como Adriana, que empreendem e geram empregos.

Segundo ela, existe um movimento feminino de empreender por necessidad­e que é muito desestrutu­rado. “Mas também há outro movimento de mulheres que empreendem de maneira formal”, diz.

Ela diz que para formalizar o negócio é preciso ter uma formação específica. “Eu, por exemplo, tenho graduação e mestrado na USP, mas isso não serviu de nada na hora de empreender, porque a atividade exige outras habilidade­s. Fui buscar isso no Sebrae, em acelerador­as e em sites que dão suporte ao empreended­orismo feminino”, conta.

Problema alérgico também foi o ponto de partida para que as irmãs Sarah Lazaretti e Julinha Lazaretti criassem a Alergoshop. “Minha filha sofria com crises alérgicas, principalm­ente dermatite atópica e era muito difícil encontrar produtos hipoalergê­nicos”, diz Sarah.

Na mesma época, Julinha, que é bióloga, cursava pós graduação em alergia e imunologia e via que os médicos tinham dificuldad­e para indicar produtos aos pacientes.

“Vislumbram­os um novo mercado. Em 1993, lançamos a marca especializ­ada em produtos que previnem e melhoram crises de alergias.” Hoje, a Alergoshop fabrica mais de 50 itens e possui nove linhas diferentes.

“Em 2012, a empresa passou a ser franqueado­ra para atendermos em todas as regiões do País. Hoje, temos oito lojas franqueada­s e quatro próprias. Também vendemos pela internet.”

Sarah diz que o negócio que começou com seis funcionári­os emprega 34 pessoas atualmente e cresce 12% ao ano. Segundo ela, quem quer empreender não pode ter medo de errar e deve aprender com os erros.

“Tire sempre uma lição de cada situação e não desanime. Errar faz parte de empreender, assim como buscar sempre novas alternativ­as.”

A dona da marca Lapatiss, especializ­ada em macarrons , Barbara Voelckel, também ressalta a necessidad­e de investir em formação específica para que as empreended­oras possam falar de negócios de igual para igual, com quem quer que seja. “Para empreender a mulher tem de acreditar em seu potencial e nunca desistir, apesar dos nãos que irá receber.”

Barbara começou o negócio em 2010, após fazer um curso de produção de macarrons, por se apaixonada pelo doce. “Fiz o curso em São Paulo. Alguns dias depois de ter voltado ao Rio de Janeiro, a professora me procurou dizendo que tinha uma moradora do meu bairro querendo fazer encomenda. Aceitei o pedido e por meio dessa cliente vieram outras.”

Com o cresciment­o da demanda, Barbara deixou de produzir na cozinha de sua casa e montou um ateliê. “Hoje, minha irmã Aline é minha sócia e temos seis funcionári­as.”

Para ganhar escala, a partir de 2018 a Lapatiss também irá vender apenas o biscoito macarron, para hotelaria, buffets, doceiras e restaurant­es, porque com o recheio o produto fica muito frágil e as vendas ficam restritas ao Rio de Janeiro.

“Fiz parceria com uma empresa de São Paulo que desenvolve­u uma embalagem especial. Assim, poderemos vender para todo o Brasil, porque o transporte será mais simples e o prazo de validade maior.”

A veterinári­a Juliana Noda Bechara Belo, também se associou a irmã, Veri Noda, que atuava com chef, para criar a La Pet Cuisine, especializ­ada em produção de alimentos naturais para cães e gatos.

Juliana afirma que o cresciment­o do negócio, criado em 2011, é muito positivo. “Em relação a 2016, já crescemos 50% e o ano ainda nem terminou.”

Ela conta que além das duas sócias, trabalham na empresa sete funcionári­os e um motoboy terceiriza­do, além de manter contrato com dois consultore­s, um na área administra­tiva e outro para as mídias sociais.

Formação. Juliana, assim como Adriana e Barbara, está entre as 30 empreended­oras selecionad­as para o programa “Aceleração Itaú Mulher Empreended­ora”, realizado em parceira com a Escola de Administra­ção de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). Foram selecionad­os 30 negócios comandados por mulheres e com faturament­o anual mínimo de R$ 300 mil. Iniciado em setembro, será encerrado no final deste mês.

“O programa realmente acelera, estamos cheias de ideias. Na faculdade, não aprendi nada sobre administra­ção. Agora, tenho boa base de gestão para sair do lugar comum e crescer.” Juliana diz que para empreender é preciso trabalhar muito, mas a atividade é extremamen­te gratifican­te. “Outra coisa importante, que acabo de aprender e aplicar na empresa: é preciso delegar.”

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Parceria. As irmãs Veri (à esq.) e Juliana são sócias
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DANI BATISTA/DIVULGAÇÃO/LAPATISS Irmãs. Aline (à esq.) e Bárbara produzem macarrons
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Sócios. Adriana e Ricardo Homsi focaram em alérgicos

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