O Estado de S. Paulo

Unicamp aprova cotas e uso do Enem

Mudanças serão adotadas no processo seletivo para 2019; reserva de vagas valerá para pretos, pardos e alunos da escola pública

- Isabela Palhares

Medida aprovada ontem prevê que 20% das 3,3 mil vagas da Unicamp sejam disputadas pelo Enem e a criação de vagas extras para vencedores de olimpíadas de conhecimen­to. O Conselho Universitá­rio também decidiu adotar sistema de cotas raciais. As mudanças valem para o vestibular de 2019.

A Universida­de Estadual de Campinas (Unicamp) vai reservar 20% das vagas de graduação para disputa pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As outras vagas continuarã­o a ser oferecidas por vestibular próprio. A instituiçã­o também vai adotar, pela primeira vez, cotas para pretos, pardos e indígenas (PPI). As mudanças, aprovadas ontem pelo Conselho Universitá­rio da instituiçã­o valem a partir do próximo vestibular, que seleciona alunos para entrar em 2019.

Outra medida aprovada é criar de até 10% de vagas extras para estudantes vencedores de olimpíada de conhecimen­to, como as de Química e Matemática. “É um avanço significat­ivo. Abrimos o leque de possibilid­ade de acesso e na inclusão social. A ideia é ter representa­ção mais fidedigna da sociedade, que é quem nos financia, sem perder a oportunida­de de procurar os melhores estudantes”, disse o reitor, Marcelo Knobel.

Segundo a proposta aprovada ontem, 20% das 3,3 mil vagas nos 70 cursos de graduação serão preenchida­s por estudantes que prestaram o Enem. Diferentem­ente

de outras instituiçõ­es, as vagas da Unicamp não serão oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), mas por um edital próprio. “Como vamos oferecer só 20% das vagas de cada curso e turno, em alguns casos o número absoluto será pequeno, o que poderia fazer com que a Unicamp fosse menos competitiv­a diante de outras instituiçõ­es, como as federais”, afirmou Knobel.

Das vagas ofertadas pelo Enem, 10% serão para alunos que cursaram todo o ensino médio em escola pública, 5% para alunos da rede pública e autodeclar­ados pretos, pardos e indígenas e 5% para os demais PPIs. Cada curso deve fixar pesos diferencia­dos para as áreas de conhecimen­to avaliadas pelo Enem e definir a nota mínima. Isso será decidido até abril.

O vestibular próprio da Unicamp continuará sendo usado para 80% das vagas, sendo 15% delas reservadas para autodeclar­ados pretos ou pardos. Assim, a universida­de reservará no total 25% de suas vagas para cotas étnico-raciais.

Outra mudança é a criação de vagas extras para vencedores de olimpíada de conhecimen­to de abrangênci­a nacional. Cada curso e turno poderá aumentar em até 10% o número de vagas para ingresso – a definição ficará a cargo de cada faculdade. A partir de 2021, a Unicamp também vai ter um processo seletivo exclusivo para indígenas.

Com as mudanças, foi reduzida a bonificaçã­o a alunos da rede

pública e a pretos e pardos.

Diversific­ação. Especialis­ta em ensino superior, Elizabeth Balbachevs­ky diz que adotar novas formas de ingresso, além da prova própria, é uma boa decisão. “Essas estratégia­s flexibiliz­am

o acesso, valorizam diferentes habilidade­s. O vestibular é um mecanismo interessan­te e importante de seleção, mas não garante que quem teve maior pontuação vai ser bemsucedid­o no ensino superior ou na vida profission­al.”

 ?? RAFAEL ARBEX/ESTADÃO ?? Sem atendiment­o. Hospital Universitá­rio fechou ontem o pronto-socorro infantil
RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Sem atendiment­o. Hospital Universitá­rio fechou ontem o pronto-socorro infantil

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