O Estado de S. Paulo

Atentado suicida mata 50 na Nigéria

Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas autoridade­s atribuíram ação ao Boko Haram

- BAUCHI, NIGÉRIA

Ao menos 50 pessoas morreram ontem em um atentado suicida atribuído ao grupo jihadista Boko Haram. A explosão ocorreu durante as orações da manhã na mesquita da cidade de Mubi, na fronteira com Camarões e cerca de 200 quilômetro­s ao norte de Yola, capital do Estado de Adamawa.

Segundo o porta-voz da polícia estadual, Othman Abubakar, o homem-bomba se misturou aos fiéis para entrar na mesquita e ativou os explosivos durante as orações. Os feridos, cujo número não foi revelado, foram transferid­os para os hospitais da região.

Nenhum grupo havia reivindica­do a autoria do atentado até a noite de ontem, mas ele tem a marca do grupo Boko Haram, que tem executado ataques suicidas na região.

As ações do grupo extremista nos últimos oito anos deixaram pelo menos 20 mil mortos e forçaram 2,6 milhões de pessoas a deixar suas casas no nordeste da Nigéria. “Não suspeitamo­s de uma pessoa em particular, mas sabemos quem está por trás desses ataques”, comentou Abubakar, sem citar o grupo extremista islâmico.

Este foi o atentado mais mortífero realizado na região desde a emboscada de julho contra um comboio transporta­ndo membros de uma missão de prospecção petrolífer­a em Borno, que deixou 70 mortos.

Abubakar Sule, que vive perto da mesquita, disse que acabava de voltar para casa quando ouviu a explosão. “Ajudei nas operações de socorro. O telhado desabou. As pessoas que estavam perto da mesquita disseram que o homem-bomba, que estava entre os fiéis, acionou seus explosivos durante as orações”, afirmou.

O Boko Haram é um grupo radical islâmico cujo nome pode ser traduzido como “educação ocidental é proibida”. Foi criado em 2002 por Mohamed Yussuf, para quem os valores ocidentais eram responsáve­is por todos os males do mundo. Seu objetivo era criar um califado no norte da Nigéria e impor uma versão rígida da sharia (lei islâmica).

Com sua morte, em 2009, Abubakar Shekau ascendeu ao poder, elevando o nível de violência nos ataques do grupo que, entre 2012 e 2013, recebeu treinament­o militar e de guerra da Al-Qaeda. Em 2015, o Índice Global de Terrorismo o classifico­u como o mais violento do mundo, à frente do Estado Islâmico, a quem jurou fidelidade recentemen­te.

Iraque. Ainda ontem, 32 pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas em um atentado com carro-bomba em Tuz Khormatu, ao norte de Bagdá, no Iraque. A caminhonet­e, conduzida por um suicida, explodiu em um mercado de frutas e legumes localizado no centro da cidade em uma hora de grande movimento.

Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas todos os indícios apontam para uma ação do Estado Islâmico, segundo autoridade­s iraquianas. Há duas semanas, forças iraquianas retomaram do EI a cidade de Kirkuk – uma das últimas localidade­s que os extremista­s ainda controlava­m no país.

“Não suspeitamo­s de uma pessoa em particular, mas sabemos quem está por trás desses ataques”

Othman Abubakar

PORTA-VOZ DA POLÍCIA DE ADAMAWA

 ?? NEMA/REUTERS ?? Explosão. Equipes de resgate atendem ferido em Mubi
NEMA/REUTERS Explosão. Equipes de resgate atendem ferido em Mubi

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