O Estado de S. Paulo

R$ 35 mil e 4 anos de espera na Justiça

Ana Paula Borelli Leão, engenheira civil

-

O pai biológico do meu filho nunca foi presente na vida dele. Acho que, na última vez que ele o viu, o menino tinha 4 anos. E ele nunca se interessou muito. Quando meu filho fez 6 anos, comecei a namorar com meu atual marido. Estamos juntos há dez anos e resolvemos entrar (com a solicitaçã­o para inclusão de nome) porque a gente viajava e tinha de pedir autorizaçã­o ao juiz. Era coisa muito complicada e se perdia tempo para isso.

Em várias outras coisas, meu marido não podia assinar como pai e eu tinha de pedir uma autorizaçã­o – e não tinha mais contato do pai biológico. Meu marido sempre tratou meu filho como filho dele. E meu filho sempre teve a figura paterna no meu marido.

Quando íamos às festinhas, falava que ele era o pai. Até trocava o último nome para colocar o do meu marido. Esse tempo todo ele ficava constrangi­do. Na lista da escola, sofria um pouco de bullying, porque constava outro nome. As crianças ‘zoavam’ com ele.

Contratei um advogado. Foi bem caro, gastamos R$ 35 mil. E demorou, se não me engano, por volta de quatro anos. Ficavam procurando (o pai biológico). Até que decidiram que não conseguiri­am achar e fizeram uma audiência com a gente: eu tinha feito um relatório, com fotos, desses anos todos que passamos juntos. Quando a gente conseguiu a mudança de nome, ele já era um moço e tinha passado pela parte ruim. Demorou demais.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil