O Estado de S. Paulo

As cotações do petróleo suscitam dúvidas na IEA

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ORelatório do Mercado de Petróleo divulgado há alguns dias pela Agência Internacio­nal de Energia (IEA, na sigla em inglês) levanta uma questão relevante para todos os participan­tes do setor: as cotações da commodity tendem ou não a se firmar em torno dos US$ 60 o barril, 20% acima dos cerca de US$ 50 o barril observados no primeiro semestre? A própria IEA, que faz parte dos órgãos auxiliares da Organizaçã­o para Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), não tem resposta cabal para a pergunta.

Os fatores que impulsiona­ram as cotações do petróleo desde meados deste ano – e que persistira­m entre setembro e outubro com uma alta de US$ 1 a US$ 2 o barril – foram a queda de cerca de 90 mil barris/dia (b/d) da produção do Iraque, a oferta insatisfat­ória da commodity pela Argélia, pela Nigéria e pela Venezuela e a produção inferior à esperada nos Estados Unidos, no México e no Mar do Norte. Além, é claro, das perspectiv­as de uma demanda robusta, como sugeriam os relatórios anteriores da IEA.

Houve alguma alteração no quadro político da Arábia Saudita, maior país produtor, onde o príncipe Mohamed bin Salman mandou prender dezenas de pares, mas a mudança não parece ter provocado “qualquer impacto no setor energético saudita”, segundo o relatório.

Além disso, a IEA previu um leve recuo da demanda decorrente da alta de preços e da perspectiv­a de queda suave da temperatur­a no inverno do Hemisfério Norte, onde estão os maiores consumidor­es. Ao mesmo tempo, a IEA constatou um aumento da oferta de óleo por parte de produtores que não fazem parte da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (Opep), inclusive o Brasil, graças ao pré-sal.

A divulgação do relatório de novembro ajudou a derrubar os preços dos tipos Brent e WTI, além de arrastar para baixo as cotações em bolsa de petrolífer­as, como a Petrobrás. A projeção da IEA de superofert­a de óleo no 4.º trimestre de 2017 e no 1.º trimestre de 2018 influencio­u a queda de preços da commodity, bem como a notícia de que os estoques americanos superaram o previsto.

Nos últimos meses, a Opep mostrou força política ao anunciar cortes da produção para manter preços altos. Mas isso depende da oferta global, inclusive da produção de tight oil norte-americano, e do vigor da retomada econômica no mundo.

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