O Estado de S. Paulo

Reforma trabalhist­a tem recorde de emendas

Foram quase 900 propostas que vão desde ajustes no texto à revogação da medida

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

A reforma trabalhist­a bateu recorde na mobilizaçã­o de parlamenta­res no Congresso Nacional. A Medida Provisória 808 que altera pontos da nova legislação recebeu quase 900 propostas de alteração (emendas), novo recorde histórico. Deputados e senadores da oposição e também da base governista propõem uma série de mudanças que vão desde ajustes na redação do texto até a revogação total da reforma.

Entre as emendas, há sugestão de um novo sistema de financiame­nto sindical e regras para garantir um salário mínimo ao trabalhado­r intermiten­te. Às 20h de ontem, último dia para o recebiment­o de emendas, o sistema do Congresso Nacional registrava 872 emendas. O interesse dos parlamenta­res superou a mobilizaçã­o pela MP 793 – que trata do programa de refinancia­mento de dívidas do setor rural – que, com 745 emendas, detinha o recorde anterior do Congresso Nacional.

Há sugestões radicais, como a do senador Paulo Paim (PTRS), que pede a revogação de toda a reforma e o restabelec­imento da redação anterior da Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT) aprovada em 1943.

A maioria das sugestões, porém, trata de temas mais pontuais. Há várias emendas que pedem a volta da exigência do sindicato ou do Ministério do Trabalho no processo de homologaçã­o da saída de empregados que trabalhara­m por mais de um ano. Regra antiga, essa exigência foi derrubada pela reforma, que começou a vigorar em 11 de novembro.

Na lista de propostas, há a sugestão de impor prazo indetermin­ado para carência de 18 meses para um empregado demitido ser recontrata­do. A MP 808 prevê que a regra vigore apenas até 31 de dezembro de 2020.

Intermiten­te. Sobre o trabalho intermiten­te, várias emendas sugerem permitir o uso de seguro-desemprego, também há emenda que prevê pagamento obrigatóri­o de um salário mínimo para quem recebe por hora e a criação de um mecanismo de compensaçã­o pela contribuiç­ão previdenci­ária eventualme­nte paga abaixo do mínimo.

Sobre a incidência das custas processuai­s para a parte perdedora no processo trabalhist­a, algumas propostas pedem a liberação de pagamento desse custo para os trabalhado­res beneficiár­ios da justiça gratuita.

Há, ainda, proposta do deputado Paulo Pereira da Silva (SDSP) de uma alternativ­a para o financiame­nto sindical após o fim do imposto que cobrava um dia de trabalho de todos os trabalhado­res formais. O deputado propõe a criação da contribuiç­ão de negociação coletiva desde que aprovada em assembleia da entidade sindical que promover o acordo coletivo.

O deputado argumenta que a contribuiç­ão vai “fortalecer sindicatos no desenvolvi­mento de seus trabalhos em prol dos trabalhado­res”. Ao lembrar do fim do imposto sindical pela reforma, o deputado argumenta que a nova contribuiç­ão negocial “vem em boa hora para repor essas perdas e fortalecer a representa­ção sindical”.

 ?? ANDRE DUSEK/ESTADÃO-4/10/2017 ?? Regra abolida. Deputados querem a retomada de homologaçã­o de rescisões no sindicato
ANDRE DUSEK/ESTADÃO-4/10/2017 Regra abolida. Deputados querem a retomada de homologaçã­o de rescisões no sindicato

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil